Passado paleoclimático de uma região pode ser estudado por meio dos dentes dos bisões, mostra estudo
(foto: Kathryn Hoppe)

Dente de bisão serve como indicador climático
08 de agosto de 2006

Em estudo que será publicado na revista Geology, pesquisadores norte-americanos exibem evidências de que o esmalte presente no terceiro molar dos bisões podem ajudar na reconstrução paleoclimática

Dente de bisão serve como indicador climático

Em estudo que será publicado na revista Geology, pesquisadores norte-americanos exibem evidências de que o esmalte presente no terceiro molar dos bisões podem ajudar na reconstrução paleoclimática

08 de agosto de 2006

Passado paleoclimático de uma região pode ser estudado por meio dos dentes dos bisões, mostra estudo
(foto: Kathryn Hoppe)

 

Agência FAPESP - Antes de os europeus passarem a criar gado nas grandes planícies norte-americanas, os bisões reinavam absolutos. Esses grandes herbívoros vivem na área há 200 mil anos, consumindo grama durante o inverno e o verão.

Por causa desse contato próximo, pesquisadores das universidades de Washington e de Stanford resolveram estudar se os terceiros molares dos animais - equivalentes ao dente do siso dos humanos - tinham algum traço do passado distante. Havia material coletado em lugares como Montana, Wyoming, Dakota do Sul e do Norte, Nebraska, Kansas e Oklahoma.

Pelos resultados que serão apresentados na próxima edição da revista Geology, fica claro que os cientistas conseguiram encontrar uma espécie de janela para o passado, por meio do esmalte dos dentes dos bisões. Depois de atacar as amostras com ácido e obter a extração do dióxido de carbono - processo feito por meio de espectrômetro de massa - os pesquisadores conseguiram identificar diferentes taxas de isótopos de carbono presente nos dentes.

A partir das medidas em mãos, e da informação de que diferentes tipos de grama apresentam mais de uma relação entre o carbono 12 e o 13, foi possível reconstruir determinados padrões de temperaturas do passado, em locais e intervalos de tempo específicos. Os pesquisadores puderam também saber como o dióxido de carbono, gás importante por causa do efeito estufa, se comportou de forma geral.

Apesar de o número de informações sobre o passado da região ter aumentado, muitas questões permanecem em aberto. Uma das dúvidas é o motivo que teria levado o norte do Nebraska a ter virado um autêntico deserto, o que ainda é visto nos dias de hoje.

Apesar de algumas lacunas permanecerem, os dentes dos bisões também ajudaram na confirmação de que as mudanças climáticas, pelo menos no interior dos Estados Unidos, estão realmente ocorrendo.

"Nós sabemos, olhando as evidências do passado climático da região, que estamos em um período quente e que o clima mudou de forma dramática nessa área estudada", afirma Kathryn Hoppe, professor de Ciências da Terra e do Espaço da Universidade de Washington e um dos autores do artigo. "Quanto mais conhecemos o comportamento do passado, mais fácil será fazer as previsões para o futuro", lembra o cientista norte-americano.


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