Etnicidade na América Latina, lançado pela Editora Fiocruz aborda assuntos como a esterilização de mulheres negras (foto: divulgação)

Debate étnico
22 de setembro de 2004

Etnicidade na América Latina, lançado pela Editora Fiocruz, traz reflexões que enfocam desde a possível política de embraquecimento da população brasileira na virada do século 20 até a saúde reprodutiva da mulher indígena

Debate étnico

Etnicidade na América Latina, lançado pela Editora Fiocruz, traz reflexões que enfocam desde a possível política de embraquecimento da população brasileira na virada do século 20 até a saúde reprodutiva da mulher indígena

22 de setembro de 2004

Etnicidade na América Latina, lançado pela Editora Fiocruz aborda assuntos como a esterilização de mulheres negras (foto: divulgação)

 

Agência FAPESP - "Conservadora do elemento africano, exterminadora do elemento europeu, a praga amarela, negreira e xenófoba, atacava a existência da nação na sua medula..." O discurso do senador Rui Barbosa, em 1917, que discorria sobre a fragilidade branca, dava o tom da época. A palavra embranquecimento era usada como sinônimo de sanear e limpar pela elite na época.

Na reflexão do sociólogo Marcos Maio, da Casa de Oswaldo Cruz, no livro Etnicidade na América Latina: um debate sobre raça, saúde e direitos reprodutivos, que acaba de ser lançado pela Editora Fiocruz, a hipótese de que os médicos da época também aderiram ao status quo das elites não é descartada. O combate à febre amarela, doença que atingia mais aos imigrantes europeus, teria sido privilegiado em relação à tuberculose, que matava mais aos negros.

A obra, de caráter multidisciplinar, não se detém apenas em Rui Barbosa e companhia. Em um outro capítulo, o biólogo Carlos Coimbra, da Escola Nacional de Saúde Pública, e a médica Luiza Garnelo, do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane, discorrem sobre uma outra relação injusta mas, dessa vez, que ocorre no presente.

Apesar de a literatura brasileira sobre as questões da saúde reprodutiva da mulher indígena ter aumentado nos últimos 20 anos, para esses dois pesquisadores trabalhos exclusivos sobre a população feminina indígena ainda são bastante escassos. No texto, os autores avaliam a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, organizada pela Organização das Nações Unidas em 1994, no Egito, como um verdadeiro marco para essa questão.

Todos os assuntos abordados na publicação, como esterilização de mulheres negras, a construção social do conceito de raça e vários outros, foram discutidos em evento realizado no Rio de Janeiro em 2001. O livro, que custa R$ 38, é fruto do seminário organizado pelo Instituto Oswaldo Cruz.

Mais informações: www.fiocruz.br/editora


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