Praticamente extinta, piracanjuba está sendo reproduzida em cativeiro por pesquisadores em Santa Catarina (foto: divulgação)

De volta à tona
01 de março de 2004

Considerada praticamente extinta, a espécie de peixe Brycon orbignyanus, popularmente conhecida como piracanjuba, está sendo reproduzida em cativeiro em Santa Catarina para poder voltar ao seu habitat

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Considerada praticamente extinta, a espécie de peixe Brycon orbignyanus, popularmente conhecida como piracanjuba, está sendo reproduzida em cativeiro em Santa Catarina para poder voltar ao seu habitat

01 de março de 2004

Praticamente extinta, piracanjuba está sendo reproduzida em cativeiro por pesquisadores em Santa Catarina (foto: divulgação)

 

Por Kárin Fusaro

Agência FAPESP - Uma espécie de peixe praticamente extinta está conseguindo sobreviver graças ao trabalho de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Não é conversa de pescador. Em janeiro, uma fêmea de piracanjuba desovou em cativeiro, trazendo a esperança de repovoar os locais de onde o peixe desapareceu. A reprodução está sendo conduzida pelo Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce (Lapad), na Estação de Piscicultura de São Carlos (EpisCar), em Santa Catarina.

"É difícil encontrar pescadores com menos de quarenta anos que já tenham visto o piracanjuba", disse Evoy Zaniboni Filho, coordenador do Lapad, à Agência FAPESP. Natural das bacias hidrográficas do Paraná, Paraguai e Uruguai, a Brycon orbignyanus, conhecida também como branjuva, alimenta-se principalmente de frutas e sementes encontradas ao longo dos rios.

O desmatamento, a poluição da água e outras intervenções do homem no meio ambiente são os principais responsáveis pela redução do número de peixes. Em 2002, a espécie foi citada na "Lista Vermelha da Fauna Ameaçada de Extinção do Rio Grande do Sul". De acordo com Zaniboni, ela está desaparecida na Argentina e no Uruguai. No Brasil, a população sobrevivente se concentra em reservas ecológicas, como o Parque Estadual do Turvo, na divisa do Rio Grande do Sul com a Argentina.

Os trabalhos na região do parque começaram em 1995. Para aumentar o número de piracanjubas, os pesquisadores precisaram recolher exemplares no rio Uruguai. "Além da dificuldade de encontrar os peixes na natureza, eles morriam durante o transporte", disse Zaniboni.

Em outubro do ano passado, a equipe do Lapad conseguiu coletar peixes suficientes para a reprodução. Com a maturação, os animais foram submetidos à hipofisação (injeção de hormônio extraído da hipófise de um doador num peixe receptor). O processo deu origem aos 15 mil alevinos existentes hoje na Estação de Piscicultura de São Carlos.

"A idéia inicial é fazer a soltura simbólica de quatro mil peixes para estimular a reflexão sobre a conservação ambiental. O segundo passo é recompor o habitat do piracanjuba para que ele possa sobreviver na natureza", disse Zaniboni.

O sucesso da reprodução deve fortalecer as pesquisas com a espécie, como o desenvolvimento de técnicas de cultivo e manejo. Segundo o pesquisador, o piracanjuba é um peixe economicamente lucrativo, o que deverá facilitar a sua criação pelos produtores da região.

O trabalho tem apoio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).


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