Nos últimos anos tem se tornado cada vez mais aceita a hipótese de que o olho humano contém um terceiro sistema sensível à luz, que usa a melanopsina (foto: Un. John Hopkins)
Cientistas britânicos descobrem um modo de fazer com que células se tornem sensíveis à luz pela alteração de um único gene, conquista que pode levar a novas abordagens para tratar certas formas de cegueira
Cientistas britânicos descobrem um modo de fazer com que células se tornem sensíveis à luz pela alteração de um único gene, conquista que pode levar a novas abordagens para tratar certas formas de cegueira
Nos últimos anos tem se tornado cada vez mais aceita a hipótese de que o olho humano contém um terceiro sistema sensível à luz, que usa a melanopsina (foto: Un. John Hopkins)
O estudo, publicado na revista Nature, mostra que um gene chamado de melanopsina pode fazer com que células nervosas voltem a perceber a luz. A pesquisa foi feita por cientistas do Colégio Imperial de Londres e da Universidade de Manchester.
Em estudos com camundongos, os pesquisadores também verificaram que a melanopsina usa luz em diferentes ondas para se regenerar.
Em algumas formas de cegueira hereditária, os fotorreceptores são completamente danificados, mas as células ganglionares da retina – responsáveis por levarem os sinais ao cérebro – continuam intactas. Os cientistas britânicos acreditam que por meio da ativação da melanopsina as células fotorreceptoras possam recuperar a capacidade de perceber e responder à luz.
"É realmente notável que a ativação de um único gene possa criar um fotorreceptor funcional. Mesmo que essa descoberta não leve à cura, pode ter importantes aplicações no tratamento de algumas formas de cegueira", disse Mark Hankins, do Colégio Imperial de Londres e um dos autores do estudo.
"Sempre se acreditou que o olho humano contém apenas dois sistemas sensíveis à luz: os cones e os bastonetes. Entretanto, nos últimos anos tem se tornado cada vez mais aceita a hipótese de que temos um terceiro sistema, que usa a melanopsina", disse outro dos autores, Rob Lucas, da Universidade de Manchester.
Uma das formas de cegueira que poderá ser beneficiada com a descoberta é a retinite pigmentosa, um tipo hereditário de cegueira no qual os cones e bastonetes são destruídos mas o restante da retina e do olho permanece intacto.
Os pesquisadores britânicos já estão trabalhando com engenheiros do Colégio Imperial para desenvolver próteses que possam permitir com que a informação das células fotorreceptoras seja utilizada pelo cérebro para processar as imagens. Isto porque fazer apenas com que células nos olhos se tornem sensíveis à luz não é suficiente para representar a cura da cegueira.
O artigo Addition of human melanopsin renders mammalian cells photoresponsive, de Z. Melyan, E.E.Tarttelin, J. Bellingham, R.J.Lucas e M.W.Hankins, pode ser lido no site da Nature, por assinantes da revista, em www.nature.com.
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