O navio oceanográfico japonês Mirai (foto: Jamstec)
Pesquisadores brasileiros juntam-se a 200 cientistas de diversos países no Projeto Beagle 2003, expedição para coletar informações dos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico que permitam identificar alterações na estrutura da massa de água e no sistema de circulação oceânica ocasionadas pelo efeito estufa
Pesquisadores brasileiros juntam-se a 200 cientistas de diversos países no Projeto Beagle 2003, expedição para coletar informações dos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico que permitam identificar alterações na estrutura da massa de água e no sistema de circulação oceânica ocasionadas pelo efeito estufa
O navio oceanográfico japonês Mirai (foto: Jamstec)
Agência FAPESP -- A equipe brasileira no Projeto Beagle 2003 (Blue Earth Global Expedition) embarcou na quinta-feira (6/11) no navio oceanográfico japonês Mirai, em Santos, com destino à Cidade do Cabo, na África do Sul. A delegação é formada pela professora Elisabete Santis Braga, o técnico Luiz Vianna Nonato e cinco estudantes de pós-graduação do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).
Os brasileiros juntam-se a cerca de 200 pesquisadores de 17 países. O Projeto Beagle, nome em homenagem ao histórico navio utilizado por Charles Darwin no século 19, é uma viagem de pesquisas ao redor do mundo para obter informações sobre a influência dos oceanos no clima do planeta. A expedição tem orçamento de US$ 20 milhões e comemora os 30 anos do Centro Japonês de Ciência e Tecnologia Marinha (Jamstec).
A participação brasileira no projeto foi firmada por meio de um convênio entre a Universidade de São Paulo (USP) e a Jamstec. O navio Mirai, que pertence ao centro japonês, tem 128 metros de comprimento e é a mais sofisticada embarcação para pesquisas oceanográficas do planeta. Partiu de Brisbane, na Austrália, em 3 agosto deste ano, e deve retornar a Fremantle, no mesmo país, em fevereiro de 2004.
"Os pesquisadores estão obtendo informações sobre o estado atual dos oceanos ao longo dos 30º de latitude Sul, para comparar com os dados do Programa Woce (World Ocean Circulation Experiment), realizado na década de 90, e com outras informações históricas. A idéia é verificar se está ocorrendo mudanças no padrão de circulação global", disse Édmo José Dias Campos, coordenador geral do convênio entre a USP e a Jamstec, à Agência FAPESP.
"Deverão ser coletadas informações sobre temperatura, salinidade, concentração de diversos elementos químicos e de gás carbônico dissolvido na água do mar, além dos fluxos termodinâmicos na interface entre o oceano e a atmosfera, incluindo os padrões existentes de corrente oceânica", disse Campos, também professor do Instituto Oceanográfico da USP.
Os pesquisadores pretendem identificar alterações na estrutura da massa de água e no sistema de circulação oceânica ocasionadas pelo efeito estufa, o aquecimento global causado pelo excesso de dióxido de carbono na atmosfera. Os resultados dos estudos poderão contribuir para prever fenômenos e mudanças climáticas, como seca, chuvas e enchentes, facilitando decisões que amenizem seus efeitos.
"A expedição pretende identificar algum tipo de mudança que seja consequência do aquecimento global e que, por sua vez, possa gerar outros tipos de alterações no clima. Queremos conhecer com antecedência essas mudanças para podermos evitar prejuízos ambientais", disse Campos.
Segundo o pesquisador do Instituto Oceanográfico, a participação brasileira no projeto será voltada primariamente para o Atlântico Sul, dividida em duas partes: na atuação direta no processo de coleta de dados a campo e na análise e interpretação dos dados coletados.
"Usando as informações coletadas, iremos confeccionar modelos matemáticos para que sejam feitos diferentes tipos de previsão de variabilidade do clima. Nossa intenção é criar modelos climáticos regionais para a América do Sul", disse.
Os sete pesquisadores brasileiros participam do Projeto Beagle no trecho entre Santos e Cidade do Cabo, onde o Mirai deverá desembarcar na primeira semana de dezembro.
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