Material sensível à luz infravermelha foi descoberto pela equipe liderada por Ted Sargent
(foto: Un.Toronto)

De olho no invisível
19 de janeiro de 2005

Cientistas canadenses conseguem obter material capaz de enxergar a luz infravermelha. A novidade pode resultar em células capazes de transformar luz em eletricidade com eficiência cinco vezes maior do que as atuais

De olho no invisível

Cientistas canadenses conseguem obter material capaz de enxergar a luz infravermelha. A novidade pode resultar em células capazes de transformar luz em eletricidade com eficiência cinco vezes maior do que as atuais

19 de janeiro de 2005

Material sensível à luz infravermelha foi descoberto pela equipe liderada por Ted Sargent
(foto: Un.Toronto)

 

Agência FAPESP - Imagine roupas com a capacidade de transformar a luz recebida do sol em energia elétrica. Ou uma casa com paredes inteligentes, que respondem às variações ambientais e ajustam a temperatura interna de forma automática.

Exercícios de imaginação como esses podem virar realidade em breve, graças a um novo material sensível à luz infravermelha que acaba de ser criado por cientistas da Universidade de Toronto, no Canadá. Em artigo publicado na versão on-line da revista Nature Materiais, a equipe liderada por Ted Sargent, do Departamento de Engenharia Elétrica e da Computação, descreve como conseguiu obter um material capaz de lidar com a faixa de radiação invisível que vai de 750 nanômetros (bilionésima parte de um metro) a 1.000 nanômetros.

"Conseguimos obter partículas de cristais semicondutores com as medidas exatas de 2, 3 e 4 nanômetros", disse Sargent em comunicado da universidade canadense. Em seguida, os pesquisadores ajustaram as nanopartículas para capturar comprimentos de onda muito baixos. O resultado foi a criação de um sensor de infravermelho que pode ser espalhado na forma de spray.

Existem hoje diversos materiais sensíveis à luz, utilizados em células solares, telas ou sensores, por exemplo, mas todos funcionam no espectro da luz visível. Graças à capacidade de enxergar o infravermelho, os cientistas esperam que o novo material possa ter aplicações nas mais variadas áreas, como na medicina ou na transmissão de dados por fibra óptica.

"Os cálculos que fizemos mostram que a combinação do uso do infravermelho com a luz visível pode resultar em um uso de até 30% da energia irradiada pelo Sol. Isso é muito mais do que os 6% que são conseguidos pelas melhores células solares existentes atualmente", disse Peter Peumans, da Universidade de Stanford, que analisou o trabalho feito no Canadá para a Nature Materials.

O artigo Solution-processed PbS quantum dot infrared photodetectors and photovoltaics, de Steven A. McDonald, Gerasimos Konstantatos, Shiguo Zhang, Paul W. Cyr, Ethan J. D. Klem, Larissa Levina e Edward (Ted) H. Sargent, pode ser lido no site da revista, em: www.nature.com/nmat


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