Testes feitos na Universidade Federal de Juiz de Fora confirma propriedades cicatrizantes do cogumelo Langermannia wahlbergii, encontrado no sul de Minas Gerais (foto: divulgação)

Curativo biológico
04 de agosto de 2006

Testes feitos em Juiz de Fora confirmam propriedades cicatrizantes do cogumelo Langermannia wahlbergii. Em ratos, fungo foi capaz de interromper o sangramento e diminuir o tamanho da cicatriz

Curativo biológico

Testes feitos em Juiz de Fora confirmam propriedades cicatrizantes do cogumelo Langermannia wahlbergii. Em ratos, fungo foi capaz de interromper o sangramento e diminuir o tamanho da cicatriz

04 de agosto de 2006

Testes feitos na Universidade Federal de Juiz de Fora confirma propriedades cicatrizantes do cogumelo Langermannia wahlbergii, encontrado no sul de Minas Gerais (foto: divulgação)

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Moradores rurais do sul de Minas Gerais utilizam o fungo Langermannia wahlbergii, espécie conhecida popularmente como bufo, para o tratamento de vários tipos de feridas. De acordo com relatos locais, a colocação de fragmentos do vegetal sobre a superfície do ferimento ajuda a interromper o sangramento e a acelerar o processo de cicatrização.

Antes de se estender por todo o estado, a tradição popular chegou ao conhecimento da pesquisadora Sônia Maria Cupolilo, chefe do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Após conhecer a prática, ela resolveu avaliar o poder terapêutico do cogumelo. A pesquisa foi realizada inteiramente no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), unidade da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.

Sônia Maria coordenou um trabalho de iniciação científica que analisou, durante 30 dias, a evolução de ferimentos induzidos em três grupos de ratos, com 20 indivíduos cada grupo. No primeiro, as feridas foram tratadas cirurgicamente com sutura e assepsia. A cicatrização espontânea foi verificada no segundo grupo de animais e, no terceiro, foi aplicado o bufo.

"As feridas tratadas com o cogumelo se comportaram de maneira intermediária. A vantagem é que a cicatrização foi muito mais eficiente do que a do grupo de animais que não sofreu sutura. Isso tanto em termos de rapidez como em tamanho da cicatriz, que apresentou menor comprimento e largura no tratamento com o bufo", explicou Sônia Maria à Agência FAPESP. A cicatrização ideal foi observada com o tratamento por meio de assepsia e sutura.

Diante dos resultados iniciais promissores, os próximos passos já estão definidos. A pesquisadora da UFJF, em seu pós-doutorado, vai estudar os princípios ativos do fungo. Essas substâncias, após serem isoladas do extrato bruto do cogumelo, serão analisadas em um espectrofotômetro, aparelho utilizado para a identificação da natureza química das substâncias.

"Ainda não sabemos qual é o princípio ativo, mas como já conseguimos demonstrar o efeito cicatrizante, as perspectivas de continuidade do estudo são muito amplas. A previsão é que em dois anos já tenhamos concluído diferentes testes, de modo a avaliar a toxicidade e padronizar a dosagem e preparação adequada da substância terapêutica do cogumelo", afirmou Sônia Maria. A pesquisadora espera ainda que esses estudos consigam criar novas linhas de pesquisa dentro da academia.


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