Pesquisa mostra que espanhóis e portugueses trouxeram valores empresariais diferentes para a América, que podem ser detectados até hoje

Culturas empresariais
11 de julho de 2006

Estudo aponta que executivos de países como Brasil e Argentina atuam de forma diferente no dia-a-dia por conta de valores transmitidos por portugueses e espanhóis na época da colonização

Culturas empresariais

Estudo aponta que executivos de países como Brasil e Argentina atuam de forma diferente no dia-a-dia por conta de valores transmitidos por portugueses e espanhóis na época da colonização

11 de julho de 2006

Pesquisa mostra que espanhóis e portugueses trouxeram valores empresariais diferentes para a América, que podem ser detectados até hoje

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Os valores ancestrais trazidos pelos colonizadores para a América estão bastante presentes no dia-a-dia dos executivos no Brasil e nos países de fala hispânica. A afirmação é parte de uma ampla pesquisa que investigou os valores profissionais de 1.350 profissionais em 40 países.

O trabalho, organizado pelo The University Fellows International Research Consortium, relacionou dados obtidos nas entrevistas com um modelo conceitual, formado por três tipos de estratégias: auto-indulgente, organizacionalmente benéfica e destrutiva. As respostas foram obtidas entre 2002 e 2005.

"O estudo mostra, por exemplo, que os brasileiros, colonizados pelos portugueses, guardam grande semelhança com Portugal e Macau, tanto em relação aos valores da vida profissional como nas formas e estratégias de ação", disse a psicóloga Tania Casado, professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da Universidade de São Paulo, à Agência FAPESP.

"É na estratégia de ação que estão as maiores diferenças entre os países de colonização portuguesa e espanhola", conta Tania. Enquanto no primeiro grupo foi detectada a presença de uma maior entrega à organização, no segundo foi registrado um predomínio de atitudes até certo ponto egoístas ou que podem se aproximar da ilegalidade. Entram nesse conjunto falsificações de informações no currículo profissional, disseminação de informações falsas e roubo de documentos.

Ao lado dos povos de cultura latina, dentro e fora da Europa, o comportamento classificado como benéfico também foi detectado pela pesquisa entre os empresários anglo-germânicos. A estratégia chamada de auto-indulgente – que favorece a pessoa sem necessariamente prejudicar a organização, como o controle das informações ou o registro da autoria de um trabalho feito por outra pessoa – esteve mais ligada à cultura latina.

"Queríamos saber se pessoas de diferentes países, e por conseqüência essas próprias nações, atuam de maneira desigual na hora de tentar influenciar os níveis hierárquicos superiores para obter vantagens ou promoções durante a carreira", disse Tania.

Além de perceber as diferenças de comportamento no trabalho a partir dos povos que colonizaram determinado país, o estudo oferece uma explicação para o famoso jeitinho brasileiro. Segundo a pesquisadora da USP, esse comportamento se enquadra na categoria das chamadas estratégias auto-indulgentes.

"Todas essas ligações verificadas pela pesquisa são importantes para que possamos entender os novos cenários do mundo do trabalho diante da atual globalização", disse.


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