Cultura masculina
07 de agosto de 2006

As mulheres registraram, em média, 40% das patentes obtidas pelos homens nas últimas décadas. Estudo publicado pela revista Science, voltado para o universo das ciências da vida, também investigou os motivos dessa discrepância

Cultura masculina

As mulheres registraram, em média, 40% das patentes obtidas pelos homens nas últimas décadas. Estudo publicado pela revista Science, voltado para o universo das ciências da vida, também investigou os motivos dessa discrepância

07 de agosto de 2006

 

Agência FAPESP - No universo científico, nos últimos anos, vários indicadores permitem enxergar com otimismo a participação das mulheres nas pesquisas englobadas pelas chamadas ciências da vida. Elas não apenas aumentaram a participação nos mais variados grupos, como também estão produzindo mais e sendo cada vez mais reconhecidas.

Apesar dos avanços, um dos hiatos ainda grandes, conforme detectou estudo publicado na edição atual da revista Science, está no número de registro de patentes. A pesquisa feita com uma amostragem de 4.227 pesquisadores, que obtiveram seus títulos de doutores entre 1967 e 1995 , revela que, em média, as mulheres registraram 40% das patentes obtidas pelos homens.

Além dos dados coletados em vários bancos de dados norte-americanos, os autores do trabalho, Waverly Ding, da Universidade da Califórnia, Fiona Murray, do Massachusetts Institute of Technology, e Toby Stuart, da Escola de Negócios de Harvard, fizeram entrevistas com alguns grupos específicos, definidos a partir da amostra inicial. A intenção desses encontros era tentar entender o motivo do registro das patentes estar desequilibrado.

"Nossas análises sugerem que o processo de patenteamento tem sido cada vez mais comum nos grupos de ciências da vida. Entretanto, na maioria das universidades, o hiato de gênero nos registros persiste", escrevem os autores do artigo. "Isso ocorre por causa das limitadas redes comerciais das mulheres pesquisadoras e da visão tradicional que elas têm sobre a carreira acadêmica", explicam à responsáveis pela pesquisa.

Os dados obtidos no levantamento mostram que 5,65% das 903 mulheres analisadas tinham alguma patente no nome delas. Entre os 3.324 homens presentes na amostragem, a taxa sobe para 13%.

Com base nas entrevistas realizadas pelos autores do artigo, e na análise temporal dos dados, a visão otimista presente atualmente na análise de outros indicadores de gênero poderá ser incorporada também, no futuro, ao dos registros das patentes.

Segundo os autores, as mulheres pesquisadoras mais jovens possuem a mesma cultura de expandir suas redes profissionais para o setor privado, o que já é feito pelos homens atualmente. "Se esse processo continuar assim nós vamos observar um declínio no tamanho do intervalo do registro de patentes, entre homens e mulheres, nos próximos anos", atestam os pesquisadores.

Mais informações em: www.sciencemag.org


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