Criar e aproveitar
16 de junho de 2004

Para participantes de debate sobre a Declaração do Milênio, na 11ª Unctad, não é a falta de inovações que impede o progresso, mas a ausência da capacidade de usufruir dos avanços obtidos. Eduardo Campos, do MCT, defende um sistema de C&T com presença forte em todos os setores estratégicos

Criar e aproveitar

Para participantes de debate sobre a Declaração do Milênio, na 11ª Unctad, não é a falta de inovações que impede o progresso, mas a ausência da capacidade de usufruir dos avanços obtidos. Eduardo Campos, do MCT, defende um sistema de C&T com presença forte em todos os setores estratégicos

16 de junho de 2004

 

Por Thiago Romero, da 11ª Unctad, em São Paulo

Agência FAPESP - Não é a falta de inovações tecnológicas que impede o progresso, mas a ausência da capacidade de usufruir dos avanços obtidos. A afirmação do secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad), Carlos Fortin, foi compartilhada por representantes dos países em desenvolvimento sobre os principais desafios em ciência e tecnologia para a implementação das metas de desenvolvimento estabelecidas pela Declaração do Milênio, assinada por vários chefes de Estado em setembro de 2000.

Para Fortin, a diminuição do grande número de pessoas com renda inferior a US$ 1 poderia ser alcançada com maiores investimentos em práticas modernas agrícolas e de biotecnologia que pudessem resultar em culturas mais abundantes e produtos de alto valor agregado. "Além de trazer um maior retorno econômico para os agricultores, novas ferramentas de gestão poderão incluir a população jovem no campo, oferecendo um melhor nível educacional para o futuro", disse durante a mesa-redonda "Aproveitamento das tecnologias emergentes para atingir os objetivos de desenvolvimento do milênio", realizada na 11ª Unctad, que ocorre em São Paulo até sexta-feira (18/6).

Os outros palestrantes defenderam também a necessidade de criação de uma base sólida de C&T por parte dos países em desenvolvimento, que permitiria a geração, aplicação e difusão do conhecimento. Isso incluiria uma maior associação entre o meio acadêmico, governo e indústria, com a finalidade de potencializar a capacidade tecnológica dos países e promover novas atividades de desenvolvimento orientadas para o mercado consumidor.

Segundo o ministro brasileiro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, um dos grandes desafios atuais do governo é implantar um sistema nacional de C&T com ampla participação de agentes públicos e privados e que tenha presença forte em todos os setores estratégicos. Campos citou estudos recentes da Unctad, com base em experiências consideradas bem sucedidas, que confirmam o papel histórico que cabe aos governos na criação de políticas públicas nacionais, com o objetivo de oferecer condições básicas de C&T no processo de desenvolvimento dos países.

"Espero que os debates dessa conferência consigam indicar caminhos para que os países avancem rumo ao desenvolvimento sustentável e possam atender, com maior amplitude e menor prazo, a justa reivindicação de trabalho e renda dos que hoje permanecem excluídos dos benefícios do progresso", disse o ministro brasileiro.

Para Derek Hanekon, ministro adjunto da Ciência e Tecnologia da África do Sul, um grande sinal de desenvolvimento seria a criação de um conceito mais amplo de transferência e de parceria tecnológica. "Os países deveriam redirecionar os esforços para desenvolver potenciais por meio da educação básica, que inclua não apenas a adoção, mas também o domínio total das tecnologias disponíveis", disse.

Segundo Hanekon, assuntos de C&T estão no centro da agenda de desenvolvimento para o continente africano. "Diversos ministros assinaram recentemente um plano de ação com 12 programas de grande relevância, agregando aos desafios nacionais a capacitação tecnológica adquirida. Enquanto estamos lutando para atender as nossas necessidades básicas, não podemos nos esquecer de tentar alcançar as estrelas", disse.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.