Crescimento vulnerável
08 de novembro de 2004

Enquanto a população do Rio de Janeiro cresceu 6,77% entre 1991 e 2000, a das favelas da cidade aumentou quase 25%, deixando os moradores dessas áreas muito mais vulneráveis a problemas de saúde como cólera e leptospirose, segundo estudo da Fiocruz

Crescimento vulnerável

Enquanto a população do Rio de Janeiro cresceu 6,77% entre 1991 e 2000, a das favelas da cidade aumentou quase 25%, deixando os moradores dessas áreas muito mais vulneráveis a problemas de saúde como cólera e leptospirose, segundo estudo da Fiocruz

08 de novembro de 2004

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Entre 1991 e 2000, surgiram 69 favelas no Rio de Janeiro. Neste mesmo período, a população da cidade cresceu 6,77% (371.146 pessoas) enquanto que a população das favelas aumentou quase 25% (1.092.958 pessoas).

Os números são de um estudo realizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) na capital carioca, que teve o objetivo de identificar o crescimento espacial e populacional das favelas para cruzar os resultados com os dados de saúde do município.

Segundo a pesquisa, desenvolvida no Laboratório de Geoprocessamento do Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict), a população que mora nas favelas é mais vulnerável aos problemas de saúde. "Entre as enfermidades preocupantes destacam-se a aids, cólera, leptospirose e tuberculose", alerta uma das autoras do estudo, Renata Gracie, à Agência FAPESP.

"Porém, é difícil identificar com precisão os eventos de doenças nas favelas, uma vez que o endereçamento das ruas é muito confuso, a numeração das casas não segue uma seqüência lógica e, na maioria das vezes, uma mesma porta é utilizada por várias famílias", disse a geógrafa.

Renata explica que as principais causas dessa vulnerabilidade são a falta de saneamento básico, o baixo nível de instrução dos moradores, problemas com a coleta de lixo, o nível de renda da população e a conseqüente falta de esclarecimento sobre os tipos de prevenção de doenças.

O estudo, que teve como outra autora a engenheira cartógrafa Mônica Magalhães, baseou-se em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sobre os setores censitários das favelas, demarcações territoriais com pontos de referência estáveis e outras informações.

"Além do crescimento populacional no Rio de Janeiro se concentrar basicamente em favelas distantes do centro, em algumas localidades, como na Zona Sul da cidade, é possível perceber uma ampliação vertical da comunidade, que ocorre a partir da construção de novos andares sobre as moradias" explica.

A comunidade de Areal I, em Jacarepaguá, foi a que apresentou o maior crescimento populacional em números absolutos entre 1996 e 2000: cerca de oito mil pessoas a mais, num total de quase 60% de aumento. Em linhas gerais, as favelas situadas na Zona Oeste da cidade foram as que mais apresentaram aumento de seus espaços territoriais.


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