Cratera catarinense
27 de agosto de 2003

Alvaro Crósta, do Instituto de Geociências da Unicamp, procura comprovar a queda de um asteróide no interior de Santa Catarina entre 70 e 110 milhões de anos, o que poderia explicar uma depressão circular de 12 quilômetros de diâmetro que se encontra na região

Cratera catarinense

Alvaro Crósta, do Instituto de Geociências da Unicamp, procura comprovar a queda de um asteróide no interior de Santa Catarina entre 70 e 110 milhões de anos, o que poderia explicar uma depressão circular de 12 quilômetros de diâmetro que se encontra na região

27 de agosto de 2003

 

Por Thiago Romero


Agência FAPESP - Um corpo celeste não identificado teria se chocado com a Terra, em algum momento entre 70 e 110 milhões de anos atrás, ocasionando a formação de uma cratera de 12 quilômetros de diâmetro no município de Vargeão, em Santa Catarina. Esta é a justificativa que está motivando o professor Alvaro Penteado Crósta, do Instituto de Geociências (IG) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a desenvolver estudos que apontem as reais causas da depressão circular.

Segundo Crósta, a comprovação científica de que realmente um asteróide atingiu Santa Catarina deverá vir apenas com as análises das amostras de rochas colhidas no local pelo pesquisador, com ajuda do estudante de Geologia César Kazzuo Vieira.

"Nas amostras macroscópicas encontramos cones de estilhaçamento, ou shatter cones, que só ocorrem em crateras de impacto. Essa é uma prova científica aceita internacionalmente como comprovação de que a formação da cratera em Vargeão ocorreu por causa do impacto de um corpo celeste", disse Crósta à Agência FAPESP.

Segundo Crósta, países como a Austrália, Canadá, Rússia e Estados Unidos desenvolvem programas específicos de busca de crateras. O fato é que algumas delas apresentam jazidas de minerais preciosos, além de petróleo e gás. "O próprio impacto favorece a formação das jazidas, despertando um interesse econômico nas pesquisas".

No território brasileiro são conhecidas outras três grandes crateras. Em todo o mundo já foram detectadas aproximadamente 160. "Essas três crateras identificadas no Brasil ainda não possuem origem definida. Iremos nos basear nos resultados obtidos a partir da cratera de Vargeão para darmos continuidade a esta linha de pesquisa", disse Crósta, que estuda a cratera catarinense desde 1981.

Crósta pretende estudar detalhadamente todas as crateras brasileiras como forma de contribuir para o conhecimento da evolução do planeta. O cientista acumula artigos em publicações internacionais, além de trabalhos expostos no museu da Cratera do Meteoro, nos Estados Unidos, e no Museu do Astroblema de Ries, na Alemanha.

"Do ponto de vista da evolução da superfície do planeta, é muito importante conhecer a localização e a idade de todas as crateras existentes. Esse tipo de estudo apresenta um impacto direto na evolução da vida, pois a soma de impactos pequenos podem produzir efeitos globais catastróficos e mudar toda a forma de vida na terra", disse Crósta.


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