Fundamental para a manutenção da vida, os centros de endemismo no Brasil, principalmente os que existem para as plantas, foram estudados pela última vez na década de 1980 (foto: E. Geraque)

Corrida contra o tempo
13 de outubro de 2005

Fundamental para a manutenção da vida, os centros de endemismo no Brasil, principalmente os que existem para as plantas, foram estudados pela última vez nos anos 1980. Como são poucas as áreas ainda não alteradas, o prazo para novas pesquisas começarem é curto, diz o zoólogo José Maria Cardoso da Silva

Corrida contra o tempo

Fundamental para a manutenção da vida, os centros de endemismo no Brasil, principalmente os que existem para as plantas, foram estudados pela última vez nos anos 1980. Como são poucas as áreas ainda não alteradas, o prazo para novas pesquisas começarem é curto, diz o zoólogo José Maria Cardoso da Silva

13 de outubro de 2005

Fundamental para a manutenção da vida, os centros de endemismo no Brasil, principalmente os que existem para as plantas, foram estudados pela última vez na década de 1980 (foto: E. Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - Em uma mesma área geográfica duas espécies coexistem de forma a que ambas tenham sucesso evolutivo. No local, que pode ser pequeno em termos de tamanho, não apenas existe um centro de especiação como muitas vezes também funciona ali um centro de sobrevivência, principalmente para os mais aptos. Tudo de forma natural.

"Os centros de endemismo apresentam um grande valor para a conservação da biodiversidade e são áreas prioritárias para inventários biológicos. Muitas vezes, nessas regiões, existem espécies únicas mesmo se considerarmos todo o planeta", disse o zoólogo José Maria Cardoso da Silva, da Conservação Internacional, à Agência FAPESP. Ele esteve no 56º Congresso Brasileiro de Botânica, que está sendo realizado em Curitiba, especialmente para falar sobre a importância dos centros de endemismo.

A visão do ambientalista sobre o futuro dessas regiões não é otimista. "Com todas as ações de desmatamento, queimadas e substituição de florestas nativas por plantação em andamento, deve haver uma articulação rápida dos cientistas. É preciso que sejam identificados e estudados os centros de endemismo no Brasil", defende Cardoso da Silva.

Para o pesquisador, em termos de botânica existe muito pouco conhecimento disponível. "Os últimos estudos mais gerais foram feitos nos anos 1980. Depois disso, apenas alguns grupos botânicos foram analisados. É impossível saber quantos centros ainda existem", diz.

Somadas as pesquisas recentes tanto da zoologia como da botânica, é possível afirmar que no Brasil existem pelo menos oito centros de endemismo. Eles estão no sul da Bahia, na Serra do Mar (Região Sudeste), na Serra do Espinhaço (MG), entre o Mato Grosso e Goiás (Cerrado), espalhados pela Amazônia (Belém, Tapajós e Acre) e no litoral de Pernambuco. "Uma análise rápida permite perceber que grande parte dessas áreas já foi alterada pelo homem", explica Cardoso da Silva.

Os mapas exibidos pelo pesquisador em Curitiba, sobre o sul da Bahia, são emblemáticos. De 1945 até 1990, a mancha de Mata Atlântica sofreu uma drástica redução. "Aquela região é endêmica para aves, mamíferos e plantas. A situação, sem dúvida, é bastante crítica", conclui o cientista.

As recomendações do ambientalista vão além da articulação política e administrativa. "O estudo dessa área deve ser feito a partir de um pluralismo metodológico e da integração das várias disciplinas da biologia evolutiva", defende.


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