Na Argentina, crise econômica teve um impacto negativo sobre as doenças dos coração

Coração sob pressão
20 de dezembro de 2005

Pesquisa publicada no periódico Thrombosis Journal mostra o impacto da recente crise econômica argentina em doenças coronárias

Coração sob pressão

Pesquisa publicada no periódico Thrombosis Journal mostra o impacto da recente crise econômica argentina em doenças coronárias

20 de dezembro de 2005

Na Argentina, crise econômica teve um impacto negativo sobre as doenças dos coração

 

Agência FAPESP - Os argentinos viveram uma de suas piores crises econômicas entre abril de 1999 e dezembro de 2002. Nesse período, segundo estudo realizado com dados obtidos em hospitais de Buenos Aires, ocorreu um aumento na mortalidade por problemas cardiovasculares. O atendimento médico relativo a doenças no coração também foi maior.

Um grupo de cinco pesquisadores, liderado por Enrique Gurfinkel, da Fundação Favaloro, analisou os registros de 3.220 pacientes. Dessa amostra, 69,8% (2.246) deram entrada em algum tipo de serviço médico durante a crise. Os demais 30,2% (974) foram tratados como grupo referência. Eles procuraram o médico no período pós-crise, definido pelos cientistas entre janeiro de 2003 e setembro de 2004.

A comparação entre os dois períodos mostra uma diferença significativa em infartos do miocárdio. Enquanto essa taxa durante a crise foi de 6,9%, depois dela a incidência desse tipo de problema caiu para 2,9%. A proporção de mortes durante a hospitalização também foi maior na época da turbulência política.

"A taxa de mortalidade que observamos está acima do esperado, segundo as projeções do próprio Ministério da Saúde", escreveram os autores na conclusão do trabalho. As análises mostram que, enquanto durante a crise a taxa ficou em 6,2%, ela caiu para 5,2% entre 2003 e setembro de 2004.

Alguns outros indicadores observados durante 1999 e 2004 também atestam o impacto dos problemas socioeconômicos argentinos sobre a saúde cardíaca da população. O tempo total dedicado a angiosplatias, por exemplo, foi de 190 minutos durante a crise contra 27 no período imediatamente posterior. Em relação às mortes, elas foram maior em hospitais privados do que nos públicos.

O artigo "Socio economic crisis and mortality – Epidemiological testimony of the financial collapse of Argentina", publicado na edição de dezembro do periódico eletrônico Thrombosis Journal, pode ser lido na íntegra no endereço www. thrombosisjournal.com/content/3/1/22.


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