Aeronave controlada por rádio voa a 100 metros do solo para detectar problemas em plantações. Sistema desenvolvido pela Embrapa e USP, em fase de patenteamento, deverá estar disponível no mercado a partir do segundo semestre
Aeronave controlada por rádio voa a 100 metros do solo para detectar problemas em plantações. Sistema desenvolvido pela Embrapa e USP, em fase de patenteamento, deverá estar disponível no mercado a partir do segundo semestre
Agência FAPESP - Uma aeronave sem tripulação, controlada por rádio e capaz de tirar seis mil fotos por dia a 100 metros do solo. Parece coisa de espionagem, mas o protótipo foi desenvolvido em São Carlos, pela Embrapa Instrumentação Agropecuária, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária e pela Universidade de São Paulo (USP), para monitorar plantações de diferentes culturas agrícolas.
O equipamento, em fase de patenteamento, voa em média a 40 quilômetros por hora com um motor de 23 cilindradas a gasolina. Tem dispositivos como bússola magnética, altímetro e velocímetro, além de um sistema de GPS (sistema de posicionamento global). As imagens são registradas por uma câmara digital de alta resolução acoplada à aeronave.
Segundo o pesquisador responsável pelo projeto, Onofre Trindade Júnior, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, o sistema ajuda a identificar diferentes variáveis na agricultura como, por exemplo, falhas no plantio, deficiência de nutrientes e infestação por pragas. "São gerados uma série de mapas a partir dos dados coletados, para que o produtor possa atuar em áreas específicas, aplicando medidas corretivas e de prevenção", disse à Agência FAPESP.
A aeronave foi projetada para ser controlada em um raio de dez quilômetros a partir de uma estação em terra e não precisa ser vista pelo operador. "A instrumentação disponível é similar à de uma simulação de vôo e o piloto trabalha olhando na tela do computador", explica Onofre. O protótipo conta com um software para a programação de missão.
Os pesquisadores coordenados por Onofre querem ir mais longe, fazendo com que o equipamento consiga funcionar sem a ajuda do operador. "Queremos que ele decole, cumpra a missão e retorne de forma totalmente automática e independente em um período de tempo de aproximadamente cinco horas", afirmou.
"Pretendemos dotar a aeronave da capacidade de criar estatísticas sobre diferentes situações, do tipo fazer com que ela sobrevoe uma região para verificar se está havendo desmatamento ou invasão de terra ou ainda ajude a contar quantas cabeças de gado existe em uma determinada fazenda", disse o pesquisador da USP.
Segundo Onofre, o sistema, que foi desenvolvido no âmbito do Projeto Arara (Aeronaves de Reconhecimento Assistidas por Rádio e Autônomas), da USP de São Carlos, estará disponível no mercado a partir do segundo semestre deste ano, a um custo de aproximadamente R$ 100 mil. "Os testes já foram realizados com sucesso em plantações de cana, laranja, soja, milho e eucalipto. Já monitoramos mais de 3 mil hectares de lavoura com a aeronave em 2003", afirmou.
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