Estudo realizado na Unesp, em Jaboticabal, derruba o mito de que plantar cana-de-açúcar é sempre mais lucrativo do que cultivar laranja (foto: Eduardo César)
Estudo realizado na Unesp, em Jaboticabal, derruba o mito de que plantar cana-de-açúcar é sempre mais lucrativo do que cultivar laranja. Por unidade de área, em uma safra, os produtores podem ganhar US$ 30 líquidos a mais no segundo caso
Estudo realizado na Unesp, em Jaboticabal, derruba o mito de que plantar cana-de-açúcar é sempre mais lucrativo do que cultivar laranja. Por unidade de área, em uma safra, os produtores podem ganhar US$ 30 líquidos a mais no segundo caso
Estudo realizado na Unesp, em Jaboticabal, derruba o mito de que plantar cana-de-açúcar é sempre mais lucrativo do que cultivar laranja (foto: Eduardo César)
Agência FAPESP - Plantar laranja no Brasil é ligeiramente mais rentável do que cultivar cana-de-açúcar. É o que mostra um estudo desenvolvido na Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias (FCAV), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Jaboticabal, interior paulista. O trabalho comparou os custos e os preços médios das duas culturas durante os últimos dois meses de 2005.
"Existe um mito de que o plantio de cana sempre foi mais lucrativo do que o da laranja. A intenção foi justamente derrubar esse conceito e comprovar matematicamente que a laranja é mais rentável por unidade de área", disse Waldir Fernandes Júnior, autor do trabalho e professor de Economia e Administração da FCAV, à Agência FAPESP.
Para a realização do trabalho, os dados da cana-de-açúcar foram colhidos na Associação dos Plantadores de Cana do Oeste de São Paulo (Canaoeste) e com agentes do setor. No caso da laranja, foram consultadas empresas de consultoria agrícola de Campinas e também estudos realizados na Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, onde o pesquisador concluiu seu doutorado sobre tema semelhante.
Considerando a diferença entre o custo operacional total e o preço de venda do produto, o pesquisador concluiu que o produtor de laranja ganha, por safra, US$ 450 líquidos por hectare, enquanto o de cana ganha US$ 420. Os cálculos foram feitos com o câmbio de US$ 1 para RS 2,18. "Apesar dessa diferença, a laranja vem se tornando menos atrativa. Muitos produtores estão abandonando as plantações para arrendar suas áreas para grandes usinas de cana-de-açúcar", afirma.
Assim, explica Fernandes Júnior, esses produtores passam a contar com um dinheiro fixo todos os meses, deixando de correr o risco das baixas da produtividade da laranja. Mas o pesquisador insiste em dizer que, em tese, os produtores que ainda permanecem na citricultura, em tese, se seguirem todos os procedimentos tecnológicos atuais, e resolverem correr riscos, vão conseguir ganhar mais dinheiro do que os plantadores de cana.
Nos últimos dez anos, embora a área plantada de laranja tenha diminuído 27% em todo o país e o número de produtores caído de 27 mil para 9 mil, a produção brasileira no setor cresceu 16% nesse período, passando de 311 milhões para 360 milhões de caixas anuais. "Isso vem ocorrendo graças aos avanços tecnológicos, que permitem maior ganho de produtividade por área plantada", conta.
Fernandes Júnior reconhece, no entanto, que as perspectivas para o cultivo de cana-de-açúcar no Brasil também são muito favoráveis devido às altas do preço do petróleo e ao crescimento da produção de carros bicombustíveis, o que pode dificultar a escolha por um ou outro cultivo.
"O álcool combustível é essencial para a locomoção e a laranja uma importante fonte de vitamina C. Nós sempre precisaremos dos dois produtos para viver e só temos motivo para comemorar, pois o Brasil consegue produzir ambas as culturas com muita competência", afirma o professor da Unesp.
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