Mayana Zatz, representante brasileira no documento
Delegados da Comissão Sobre Clonagem da ONU reúnem-se em Nova York para apresentar um documento produzido por membros de 63 academias de ciências do mundo, entre eles Mayana Zatz (foto), da USP
Delegados da Comissão Sobre Clonagem da ONU reúnem-se em Nova York para apresentar um documento produzido por membros de 63 academias de ciências do mundo, entre eles Mayana Zatz (foto), da USP
Mayana Zatz, representante brasileira no documento
Agência FAPESP - Delegados da Organização das Nações Unidas (ONU) estarão reunidos a partir de segunda-feira (29/9), em Nova York, para apresentar um documento que defende a clonagem terapêutica. O documento, assinado por 63 academias de ciência de todo o mundo, será apresentado na reunião da Comissão Sobre Clonagem do órgão, que termina na sexta.
Representantes da comunidade científica esperam por leis que liberem a clonagem voltada para a obtenção de células-tronco embrionárias para fins terapêuticos e de pesquisa. "Não há dúvida de que, se o documento for aprovado na ONU, dará força para que seja aprovado também no Brasil", disse Mayana Zatz, Coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano ligado ao Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), à Agência FAPESP.
A pesquisadora, que assinou o documento na condição de representante da Academia Brasileira de Ciências, também participou da redação do texto final. "Sem dúvida, hoje, os dogmas religiosos são os maiores obstáculos. É importante que se diga, entretanto, que muitas religões aprovam. Os espíritas, judeus, adventistas e umbandistas são favoráveis", disse Mayana.
Apesar de defender a clonagem terapêutica, o InterAcademy Panel on International Issues (IAP), como é conhecido o nome do grupo que reúne os 63 países, diz ser totalmente contrário à clonagem humana. "Nenhum cientista responsável tentaria realizá-la, dado os elevados riscos à saúde", disse Yves Quéré, co-coordenador do comitê executivo do IAP e ex-secretário internacional da Academia Francesa de Ciências.
Segundo Mayana, na Itália também existe uma grande campanha a favor da liberação das pesquisas científicas com células-tronco embrionárias. A Associação Luca Coscioni pela Liberdade de Pesquisa Científica é uma das grandes defensoras da causa. A entidade defende que os embriões congelados em clínicas de reprodução, e que normalmente são descartados depois de alguns anos, sejam direcionados para os laboratórios de pesquisa.
O presidente de honra da associação italiana é o escritor português José Saramago. Na opinião do Prêmio Nobel de Literatura de 1998, é uma hipocrisia a Igreja Católica se pronunciar contra o uso de embriões pelos cientistas mas não ser contrário à "hecatombe de embriões humanos que ocorrem nos centros de fertilização in vitro", escreveu no prefácio do livro Il Maratoneta, do italiano Luca Coscioni, fundador da entidade e que sofre de uma doença degenerativa. A organização está ligada à Movitae, uma associação brasileira que nasceu dentro do Grupo de Genoma Humano da USP.
Em linhas gerais, os defensores da utilização de células-tronco embrionárias acreditam que as pesquisas neste campo são essenciais para que outras vidas, das pessoas que sofrem com doenças degenerativas, por exemplo, sejam preservadas.
Segundo a Royal Society, da Grã-Bretanha, das academias de ciências consultadas apenas entidades de seis países resolveram não assinar o documento: Alemanha, Eslovênia, Espanha, Polônia, Suiça e Vaticano.
As 63 academias que assinaram o documento a ser apresentado na ONU:
Academia Africana de Ciências
Academia Caribenha de Ciências
Academia de Ciências da América Latina
Academia de Ciências do Terceiro Mundo
Academia de Ciências da Albânia
Academia Nacional de Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Argentina
Academia Australiana de Ciências
Academia de Ciências do Bangladesh
Academia Nacional de Ciências da Bielo-Rússia
Academia Nacional de Ciências da Bolívia
Academia Brasileira de Ciências
Academia de Ciências Búlgara
Academia de Ciências de Camarões
Academia Chinesa de Ciências
Academia Sínica, Taiwan
Academia Croata de Artes e Ciências
Academia Cubana de Ciências
Academia de Ciências da República Tcheca
Academia Real de Ciências da Dinamarca
Academia de Ciências da República Dominicana
Academia de Pesquisas Científicas do Egito
Academia Estoniana de Ciências
Delegação das Academias de Ciências e Letras da Finlândia
Academia de Ciências da França
Academia Georgiana de Ciências
Academia de Atenas, Grécia
Academia Húngara de Ciências
Academia Nacional de Ciências da Índia
Academia de Ciências da Indonésia
Academia de Ciências e Humanidades de Israel
Conselho de Ciências do Japão
Real Sociedade Científica da Jordânia
Academia Nacional de Ciências do Quênia
Academia Nacional de Ciências da República do Quirguistão
Academia de Ciências da Letônia
Academia de Ciências da Lituânia
Academia Macedônia de Ciências e Artes
Academia Mexicana de Ciências
Academia de Ciências da Moldávia
Academia de Ciências da Mongólia
Academia do Reino de Marrocos
Academia Real de Artes e Ciências da Holanda
Conselho da Academia da Sociedade Real da Nova Zelândia
Academia Nigeriana de Ciências
Academia Norueguesa de Ciências e Letras
Academia Paquistanesa de Ciências
Academia de Ciência e Tecnologia da Palestina
Academia Nacional de Ciências do Peru
Academia Nacional de Ciência e Tecnologia das Filipinas
Academia Romena
Academia Russa de Ciências
Academia de Ciências e Técnicas do Senegal
Academia Nacional de Ciências da Cingapura
Academia de Ciências da África do Sul
Academia Nacional de Ciências do Sri Lanka
Academia Real de Ciências da Suécia
Academia de Ciências da República do Tadjiquistão
Academia de Ciência e Tecnologia da Tailândia
Academia Turca de Ciências
Academia Nacional de Ciências de Uganda
Royal Society, Reino Unido
Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos
Academia de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais da Venezuela
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