João Amaro de Matos explica como um pequeno grupo de eleitores, bem intencionados e dispostos a participar das eleições com seus votos, é suficiente para estimular a grande massa (foto:arq.pessoal)

Contágio eleitoral
01 de outubro de 2004

Em entrevista à Agência FAPESP, João Amaro de Matos, da Universidade Nova de Lisboa, explica como um pequeno grupo de eleitores, bem intencionados e dispostos a participar das eleições com seus votos, é suficiente para estimular a grande massa

Contágio eleitoral

Em entrevista à Agência FAPESP, João Amaro de Matos, da Universidade Nova de Lisboa, explica como um pequeno grupo de eleitores, bem intencionados e dispostos a participar das eleições com seus votos, é suficiente para estimular a grande massa

01 de outubro de 2004

João Amaro de Matos explica como um pequeno grupo de eleitores, bem intencionados e dispostos a participar das eleições com seus votos, é suficiente para estimular a grande massa (foto:arq.pessoal)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Uma minoria majoritária. Essa é a principal mensagem extraída de um modelo matemático desenvolvido por João Amaro de Matos, professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, em Portugal. Os resultados mostram que, se inicialmente uma pequena porcentagem dos eleitores estiver disposta a votar, pelo mecanismo de contágio uma quantidade maior de pessoas acabará votando.

"Sob condições especiais, essa massa de eleitores finais poderia ser, de fato, muito grande", disse Matos à Agência FAPESP. Essas condições específicas, segundo o pesquisador, estão relacionadas com os incentivos que são feitos para a participação da população nos processos de votação pelas esferas públicas.

"O contágio na boa direção surge quando os estímulos sociais apontam para o apoio à disposição de votar da minoria inicial. Caso contrário, o mais provável seria que a maioria acabasse contaminando a minoria inicial", explica Matos. O modelo desenvolvido também ajuda a explicar a questão da abstenção em países onde o voto não é obrigatório.

"O modelo também se mostrou interessante para mostrar o grau de participação das populações", conta o cientista português. Em várias análises feitas o contágio, em maior ou menor escala, esteve relacionado com os altos ou baixos índices de participação nas eleições.

"Também demonstramos que uma alternativa interessante para evitar todos os custos de campanhas seria simplesmente fazer sondagens muito apuradas e metodologicamente bem controladas", explica. Segundo Matos, os resultados do processo seriam os mesmos das eleições regulares, mas com economia de tempo e dinheiro.

Saindo um pouco dos números, o pesquisador reconhece que uma eleição direcionada poderia causar frustração para as pessoas que durante tanto tempo lutaram por eleições livres e diretas. "Claro que o grande argumento em defesa das eleições é que elas possibilitam a discussão de ideais e plataformas. No entanto, com o tipo de campanha demagógica e vazia que existe hoje (referindo-se a Portugal) não creio que esse argumento tenha muito razão de ser", disse.


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