Apesar da tragédia, erupção representa oportunidade de acompanhar o nascimento de um vulcão de lama (detalhe da capa da GSA Today)

Muita lama pela frente
29 de janeiro de 2007

Estudo feito no vulcão Lusi, na Indonésia, aponta que a causa da erupção em maio de 2006 foi perfuração feita na região e que até 150 mil metros cúbicos de lama continuarão jorrando durante anos

Muita lama pela frente

Estudo feito no vulcão Lusi, na Indonésia, aponta que a causa da erupção em maio de 2006 foi perfuração feita na região e que até 150 mil metros cúbicos de lama continuarão jorrando durante anos

29 de janeiro de 2007

Apesar da tragédia, erupção representa oportunidade de acompanhar o nascimento de um vulcão de lama (detalhe da capa da GSA Today)

 

Agência FAPESP - A primeira análise científica da erupção do vulcão de lama Lusi, na Indonésia, não trouxe boas notícias para os moradores da região. O estudo indica que o vulcão, que entrou em erupção em maio de 2006, continuará jogando grandes quantidades de lama por meses, ou mesmo anos.

De 7 mil a 150 mil metros cúbicos de lama por dia estão sendo expelidos. A erupção forçou 11 mil pessoas a deixarem suas casas e uma área de pelo menos 10 quilômetros quadrados ao redor deverá permanecer inabitada por anos.

O estudo, conduzido por cientistas europeus, está publicado na edição de fevereiro da GSA Today, revista da Sociedade Geológica dos Estados Unidos (GSA). O artigo aponta que a erupção teve origem humana, causada por perfurações feitas em busca de gás em uma área próxima. A conclusão confirma a análise feita em julho de 2006 por uma equipe das Nações Unidas.

A erupção do vulcão de lama no subdistrito de Sidoarjo, próximo à cidade de Surabaya, destruiu quatro vilas, 25 fábricas e a infra-estrutura do local. Treze pessoas morreram devido à ruptura de um gasoduto sob uma das estruturas de sustentação construídas para tentar represar a lama.

Os pesquisadores, liderados por Richard Davies, do Centro de Pesquisas em Sistemas de Energia Terrestres da Universidade Durham, na Inglaterra, que também empregaram imagens de satélite no estudo, apontam que a região em torno da boca do vulcão irá ceder e formar uma cratera.

"É um procedimento padrão em perfurações onde sejam usadas estruturas de aço para suportar os buracos e conter a pressão de fluidos como água, óleo ou gás. No caso do Lusi, rochas em torno de um aqüífero foram perfuradas enquanto a parte inferior da área escavada estava exposta e sem estruturas de proteção", disse Davies.

De acordo com o pesquisador, o evento tem semelhanças com a erupção de água para a superfície ocorrida em Brunei, em 1979, também provocada por perfurações. "A empresa petrolífera precisou de quase 30 anos e teve que construir 20 poços de contenção para que a erupção parasse", disse.

Apesar do desastre para a população local, o cientista inglês destaca que o Lusi representa uma oportunidade única para entender melhor os poucos conhecidos vulcões de lama. "Os estudos vão ajudar a compreender como eles são criados e o que ocorre quando entram em erupção. Esperamos que os resultados sejam úteis para as empresas dos setores de gás e petróleo e que possamos aprender com o incidente de modo que ele não se repita", afirmou em comunicado da GSA.

O artigo Birth of a mud volcano: East Java, 29 May 2006, de Richard Davies, Richard Swarbrick, Robert Evans e Mads Huuse, pode ser lido livremente no site da GSA Today, em www.gsajournals.org.


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