Ozônio em extinção
23 de outubro de 2006

Temperaturas abaixo da média levam buraco na camada de ozônio sobre a Antártica a bater recordes em tamanho e profundidade. Análises apontaram ausência de ozônio na faixa entre 12,8 km e 21 km de altitude

Ozônio em extinção

Temperaturas abaixo da média levam buraco na camada de ozônio sobre a Antártica a bater recordes em tamanho e profundidade. Análises apontaram ausência de ozônio na faixa entre 12,8 km e 21 km de altitude

23 de outubro de 2006

 

Agência FAPESP - O buraco na camada de ozônio sobre a Antártica acaba de bater dois recordes, um em tamanho e outro em profundidade. O anúncio foi feito por cientistas das agências espacial (Nasa) e oceânica e atmosférica (Noaa), do governo norte-americano.

"De 21 a 30 de setembro, a área média do buraco de ozônio foi a maior até hoje observada, com 27,4 milhões de quilômetros quadrados", disse Paul Newman, do Centro de Vôo Espacial Goddard, da Nasa, em comunicado da instituição.

A medição foi feita a partir de dados colhidos pelo satélite Aura, da Nasa, que monitora o total de ozônio sobre o continente antártico da superfície até a atmosfera superior.

Paralelamente, pesquisadores do Laboratório de Pesquisa em Sistemas Terrestres, da Noaa, usaram balões para medir o ozônio diretamente sobre o pólo Sul. No dia 9 de outubro, a coluna total de ozônio despencou de 300 DU para 93 DU – as unidades dobson (DU) medem o conteúdo total de ozônio integrado numa coluna atmosférica.

Outro dado importante registrado pelos instrumentos nos balões foi que quase todo o ozônio na faixa entre 12,8 e 21 quilômetros de altitude estava destruído – foi verificado um recorde negativo de apenas 1,2 DU.

"Esses números indicam que o ozônio simplesmente sumiu dessa camada da atmosfera", disse David Hofmann, diretor da Divisão de Monitoramento Global da Noaa. "A faixa danificada tem apresentado este ano uma extensão incomum, o que nos leva a estimar que o buraco de ozônio em 2006 será o maior já registrado."

Segundo a Nasa, instrumentos a bordo do satélite Aura mediram níveis extremamente altos de clorofluorcarbonos (CFC) na atmosfera baixa, a cerca de 20 quilômetros de altitude. Os elevados níveis de CFC foram observados sobre toda a Antártica na última quinzena de setembro, acompanhados de valores muito baixos de ozônio.

Diferenças de temperatura na estratosfera sobre o continente antártico provocam variações no buraco do ozônio. Temperaturas mais frias do que a média resultam em maiores tamanho e profundidade no buraco. Segundo a Noaa, no fim de setembro as temperaturas registradas nas camadas inferiores da estratosfera sobre a Antártica foram em média 12,7ºC menores do que no mesmo período em anos anteriores, o que resultou em aumento de aproximadamente 3,5 milhões de quilômetros no buraco de ozônio.


Efeito estufa

Como resultado de medidas para redução da emissão de gases que causam efeito estufa a partir do Protocolo de Montreal, assinado por 46 países em 1987, as concentrações de substâncias responsáveis pela destruição da camada de ozônio têm diminuído na atmosfera.

Segundo a Nasa, após o pico em 1995, os valores têm diminuído desde então, tanto na troposfera (camada que se estende da superfície da Terra até a estratosfera) quanto na estratosfera (segunda camada da atmosfera). O problema é que os compostos químicos que destroem o ozônio podem permanecer na atmosfera por mais de 40 anos.

Em conseqüência, os cientistas apontam uma redução muito lenta no buraco na camada de ozônio, de cerca de 0,1% a 0,2% anualmente nos próximos cinco a dez anos. Essas diminuições podem sofrer variações dependendo de flutuações nas condições climáticas na Antártica, como a ocorrida agora.


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