Pesquisadores da UFPR desenvolvem, com apoio da Finep, kits "faça você mesmo" para habitações populares. Projeto de coberturas deverá entrar no mercado em julho. Próximo passo é desenvolver móveis-divisória
Pesquisadores da UFPR desenvolvem, com apoio da Finep, kits "faça você mesmo" para habitações populares. Projeto de coberturas deverá entrar no mercado em julho. Próximo passo é desenvolver móveis-divisória
Agência FAPESP – Pesquisadores do Núcleo de Design e Sustentabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão criando uma série de soluções para uma situação bem conhecida dos brasileiros: a autoconstrução.
Com base nos conceitos de "faça você mesmo", o grupo desenvolveu kits para montagem de coberturas e para coleta de água da chuva que podem ser usados em mutirões e programas de habitação de interesse social. Os produtos deverão estar no mercado em julho. O próximo passo é o desenvolvimento de móveis-divisória.
"Levamos um ano para desenvolver as coberturas. Com o know-how adquirido, devemos completar o projeto das divisórias em apenas seis meses. Esperamos ter, dentro de cinco anos, um conjunto de subsistemas completo, envolvendo toda a moradia", disse o coordenador Aguinaldo dos Santos à Agência FAPESP. O projeto teve apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare).
De acordo com o professor da UFPR, grande parte da construção brasileira é feita em mutirões, mas os componentes de mobiliário não são projetados considerando essa realidade. "A idéia é que o usuário possa montar os kits sem ajuda ou ferramenta especial. Ele vai reduzir o desperdício e economizar também no custo do transporte, uma vez que os módulos são compactos", afirmou.
O módulo de cobertura tem peças de MDF, um material leve e reciclável, e chapas de aço galvanizado. Os pregos são substituídos por encaixes. A equipe estima um custo até 60% menor do que o de coberturas tradicionais.
"A cobertura não inclui as telhas, pois muitas famílias usam sobras de construções anteriores. Ela consiste na base que é fixada nas paredes de alvenaria ou madeira, conhecida como ‘tesoura’. É exatamente a parte da cobertura que mais despende recursos e que mais gera erros", disse Santos.
Nesse projeto, em fase de testes finais, a Finep investiu R$ 66 mil, além de duas bolsas de pesquisa. Outros parceiros foram a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A equipe trabalhou com empresas da região especializadas em cartonagem, artefatos de madeira e processamento da madeira.
"O projeto inclui como parceiros todas as pontas da cadeia produtiva. Isso dá certeza de que poderemos continuar inovando para trazer soluções que cheguem de fato até a população de baixa renda. Hoje, se um prefeito quiser uma solução para um problema da comunidade, temos uma opção pronta", disse Santos.
O edital atual, para o desenvolvimento dos móveis-divisória, foi aprovado em janeiro. Os recursos da Finep são de R$ 210 mil, além de R$ 60 mil da contrapartida financeira de uma das parceiras, empresa multinacional produtora de MDF com base no Paraná.
"Freqüentemente, a população usa seus móveis como divisória. Nossa idéia, em todos os projetos, é usar esse conceito de modulação associado ao conceito de ‘faça você mesmo’, para criar uma solução que seja simples, barata e esteticamente interessante", disse.
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