Construção sem complicação
12 de março de 2007

Pesquisadores da UFPR desenvolvem, com apoio da Finep, kits "faça você mesmo" para habitações populares. Projeto de coberturas deverá entrar no mercado em julho. Próximo passo é desenvolver móveis-divisória

Construção sem complicação

Pesquisadores da UFPR desenvolvem, com apoio da Finep, kits "faça você mesmo" para habitações populares. Projeto de coberturas deverá entrar no mercado em julho. Próximo passo é desenvolver móveis-divisória

12 de março de 2007

 

Por Fábio de Castro

Agência FAPESP – Pesquisadores do Núcleo de Design e Sustentabilidade da Universidade Federal do Paraná (UFPR) estão criando uma série de soluções para uma situação bem conhecida dos brasileiros: a autoconstrução.

Com base nos conceitos de "faça você mesmo", o grupo desenvolveu kits para montagem de coberturas e para coleta de água da chuva que podem ser usados em mutirões e programas de habitação de interesse social. Os produtos deverão estar no mercado em julho. O próximo passo é o desenvolvimento de móveis-divisória.

"Levamos um ano para desenvolver as coberturas. Com o know-how adquirido, devemos completar o projeto das divisórias em apenas seis meses. Esperamos ter, dentro de cinco anos, um conjunto de subsistemas completo, envolvendo toda a moradia", disse o coordenador Aguinaldo dos Santos à Agência FAPESP. O projeto teve apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Programa de Tecnologia de Habitação (Habitare).

De acordo com o professor da UFPR, grande parte da construção brasileira é feita em mutirões, mas os componentes de mobiliário não são projetados considerando essa realidade. "A idéia é que o usuário possa montar os kits sem ajuda ou ferramenta especial. Ele vai reduzir o desperdício e economizar também no custo do transporte, uma vez que os módulos são compactos", afirmou.

O módulo de cobertura tem peças de MDF, um material leve e reciclável, e chapas de aço galvanizado. Os pregos são substituídos por encaixes. A equipe estima um custo até 60% menor do que o de coberturas tradicionais.

"A cobertura não inclui as telhas, pois muitas famílias usam sobras de construções anteriores. Ela consiste na base que é fixada nas paredes de alvenaria ou madeira, conhecida como ‘tesoura’. É exatamente a parte da cobertura que mais despende recursos e que mais gera erros", disse Santos.

Nesse projeto, em fase de testes finais, a Finep investiu R$ 66 mil, além de duas bolsas de pesquisa. Outros parceiros foram a Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar), a Companhia de Habitação de Curitiba (Cohab) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A equipe trabalhou com empresas da região especializadas em cartonagem, artefatos de madeira e processamento da madeira.

"O projeto inclui como parceiros todas as pontas da cadeia produtiva. Isso dá certeza de que poderemos continuar inovando para trazer soluções que cheguem de fato até a população de baixa renda. Hoje, se um prefeito quiser uma solução para um problema da comunidade, temos uma opção pronta", disse Santos.

O edital atual, para o desenvolvimento dos móveis-divisória, foi aprovado em janeiro. Os recursos da Finep são de R$ 210 mil, além de R$ 60 mil da contrapartida financeira de uma das parceiras, empresa multinacional produtora de MDF com base no Paraná.

"Freqüentemente, a população usa seus móveis como divisória. Nossa idéia, em todos os projetos, é usar esse conceito de modulação associado ao conceito de ‘faça você mesmo’, para criar uma solução que seja simples, barata e esteticamente interessante", disse.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.