Biota-FAPESP promove workshop internacional e traça estratégias para colocar em prática as prioridades definidas para os próximos dez anos do programa
Biota-FAPESP promove workshop internacional e traça estratégias para colocar em prática as prioridades definidas para os próximos dez anos do programa
Biota-FAPESP promove workshop internacional e traça estratégias para colocar em prática as prioridades definidas para os próximos dez anos do programa
Biota-FAPESP promove workshop internacional e traça estratégias para colocar em prática as prioridades definidas para os próximos dez anos do programa
Por Fábio Reynol
Agência FAPESP – Reunir destacados especialistas para discutir temas fundamentais para a conservação biológica e traçar estratégias para colocar em prática as prioridades definidas para os próximos dez anos do programa Biota-FAPESP.
Esses são objetivos do Workshop Internacional em Ecologia Aplicada e Dimensões Humanas em Conservação Biológica, que teve início na tarde desta segunda-feira (9/11) na sede da FAPESP.
Na abertura do evento de dois dias, que faz parte da programação dos dez anos do Biota-FAPESP, o diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, chamou a atenção para um indicador de sucesso do programa: sua citação na legislação ambiental.
Criado para, entre outros objetivos, subsidiar com dados científicos a preservação da biodiversidade, o Biota-FAPESP já foi destacado em cinco documentos legislativos, dois decretos e três resoluções estaduais.
A mais recente foi a resolução publicada em outubro pelo governo do Estado de São Paulo, com o objetivo de reduzir impactos ambientais do setor de mineração. A resolução é fundamentada em mapas de áreas prioritárias para conservação produzidos pelo Biota-FAPESP.
“Agora entramos na segunda fase do programa, baseada nos dez anos de aprendizado que tivemos, e os resultados só tendem a se ampliar e melhorar”, destacou Brito Cruz.
O coordenador do Biota-FAPESP, Carlos Alfredo Joly, professor do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, fez um balanço da primeira década do programa enfatizando não somente os dados levantados, como as 11.820 espécies inventariadas, mas também a sua contribuição educacional do programa. “Ajudamos a formar 169 mestres e 108 doutores, além de apoiar 79 projetos de pós-doutorado”, disse.
Tecnologias e ferramentas
O objetivo do workshop foi explicado pelo coordenador do evento, Luciano Martins Verdade, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo. “Conseguimos reunir alguns dos maiores expoentes no mundo nessa área, que vão ajudar a debater as prioridades definidas no seminário de junho”, disse.
Nos dias 3 e 4 de junho o Biota-FAPESP realizou cerimônia de comemoração do 10º aniversário do programa e workshop de definição de metas para 2020.
Verdade salientou a necessidade de desenvolver tecnologias adequadas para o levantamento da biodiversidade local. Segundo ele, as bases atuais de dados de campo possuem precisão extremamente baixa e acurácia desconhecida, problema que não é exclusivo do Brasil.
As estimativas de abundância de populações silvestres, por exemplo, são pouco precisas e baseadas na observação empírica, o que pode provocar grandes alterações de um observador para outro.
“Uma espécie em extinção pode ser identificada como praga, se localmente ela apresentar uma alta incidência”, disse, ao exemplificar uma deturpação que os métodos atuais podem provocar.
Outro obstáculo é a chamada “dimensão temporal achatada”. Segundo Verdade, é preciso considerar que existem variações naturais de populações, que ocorrem a cada ano e até mensalmente.
“Em relação ao número de aves, por exemplo, nunca haverá um ano igual ao outro no Estado de São Paulo”, disse. Portanto, pode ser um equívoco interpretar essa variação como ameaça ou como recuperação de uma espécie, por exemplo.
O professor da Esalq defende ainda um olhar multidisciplinar ao se estudar a distribuição das espécies, pois a geografia não pode ser considerada como a única responsável pela distribuição espacial. É necessário, segundo ele, analisar outros fatores como os determinantes históricos e sociais.
“Precisamos saber não só quais são as regiões onde não existem mais florestas nativas, mas também nos perguntar por que aquelas florestas não estão mais ali e qual foi o contexto social e histórico em que isso ocorreu”, afirmou.
“Este workshop internacional do Biota-FAPESP traz um time extremamente qualificado para lidar com os fatores limitantes das nossas pesquisas atuais nesta área e para entender melhor as respostas que a pesquisa em biodiversidade traz nos dados que reunimos”, disse.
Jorn Scharlemann, cientista sênior do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Kevin Lafferty, da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, Estados Unidos, e Willian Magnusson, do Instituto Nacional de Pesquisas Ambientais, serão alguns dos palestrantes do segundo dia do workshop.
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