Trabalho feito nas coleções científicas do Inpa, em Manaus, não apenas preserva o patrimônio biológico da região amazônica como promove uma segunda descoberta dos dados científicos
Trabalho feito nas coleções científicas do Inpa, em Manaus, não apenas preserva o patrimônio biológico da região amazônica como promove uma segunda descoberta dos dados científicos
Agência FAPESP - Qualquer pessoa que tenha montado uma coleção, seja de selos, revistas ou discos, sabe que é necessário criar pelo menos um sistema simples de catalogação. Caso contrário, depois de um certo tempo, pode-se deparar com uma peça e surpreender-se com ela. Ou pior: comprar um item apenas para descobrir depois que era repetido.
No caso das grandes coleções científicas, como as localizadas no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), em Manaus, a complexidade é muito maior, em todos os sentidos. O que exige uma organização muito mais eficiente.
"Nosso trabalho é promover uma reorganização das informações presentes no banco de dados principal, que no caso é o herbário", explicou Maria de Fátima Melo, curadora da carpoteca (acervo de frutos) do Inpa, à Agência FAPESP. Desde março na função, Maria de Fátima conseguiu organizar a informação de 2,2 mil exemplares de frutos. "Estamos organizando essa coleção independente de frutos, mas que estará sempre associada ao acervo do herbário", disse.
Ao destacar os frutos das plantas contidas na coleção, e reorganizar os dados, o trabalho da equipe coordenada por Maria de Fátima acabou promovendo uma redescoberta do conhecimento amazônico. "É uma atividade muito importante por ajudar na realização de mais estudos do próprio material. Ao mesmo tempo, é um processo bastante lento e árduo", explica a pesquisadora, que depois de cursar zootecnia e mestrado em botânica no Recife, na Universidade Federal Rural de Pernambuco, resolveu trocar o litoral nordestino pela capital amazonense.
Quando toda a carpoteca estiver pronta, o trabalho dos pesquisadores ficará mais fácil. Em vez de ter que procurar um fruto em uma coleção de 217 mil exemplares de plantas existentes hoje no herbário do Inpa, o usuário do banco de dados terá um acervo muito mais restrito para consultar.
"Já começamos também a fotografar cada um dos frutos. Foram feitas 12 famílias até agora. Isso, quando estiver pronto, vai facilitar ainda mais as pesquisas", disse Maria de Fátima.
Além do trabalho de organização dos frutos – e da manutenção desse acervo bastante delicado – a montagem da carpoteca ajuda até na reorganização do próprio herbário. "Muitas plantas foram catalogadas primeiro em livros de tombo, aqueles imensos, de papel mesmo, e, depois, com a informatização, os mesmos dados foram transmitidos para o computador", disse a curadora.
O herbário do Inpa foi a primeira coleção criada no instituto. Ele data de 1954, mesmo ano de criação da instituição. O trabalho realizado nas coleções científicas tem a proposta de ajudar na divulgação da ciência para o público em geral.
Peixes e cobras
O mundo vegetal não é o único com patrimônio biológico preservado nos armários do Inpa. A coleção de peixes da instituição também é uma das mais importantes do país, com cerca de 250 mil exemplares amazônicos. Desse total, 26 mil lotes foram registrados e informatizados. O acervo conta ainda com 348 espécimes-tipos (amostras-padrão usadas pelos especialistas para a descrição da espécie).
Ainda no mundo animal dos vertebrados, o Inpa mantém uma coleção de anfíbios e répteis (16,5 mil espécimes registradas), de aves (700 exemplares) e de mamíferos (5,2 mil registros). Além da coleção de invertebrados, com mais de 330 mil insetos, o instituto mantém dois acervos de microrganismos, um de interesse médico e outro voltado para a agricultura e a silvicultura.
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