Na abertura do 2º Seminário Ciência e Sociedade, profissionais da área de saúde, como Paulo Lotuffo, da FM-USP, apontam pontos positivos e negativos da cobertura da imprensa (foto: E.Geraque)
Na abertura do 2º Seminário Ciência e Sociedade, profissionais da área de saúde, como Paulo Lotuffo, da FM-USP, apontam pontos positivos e negativos da cobertura da imprensa
Na abertura do 2º Seminário Ciência e Sociedade, profissionais da área de saúde, como Paulo Lotuffo, da FM-USP, apontam pontos positivos e negativos da cobertura da imprensa
Na abertura do 2º Seminário Ciência e Sociedade, profissionais da área de saúde, como Paulo Lotuffo, da FM-USP, apontam pontos positivos e negativos da cobertura da imprensa (foto: E.Geraque)
Agência FAPESP - "A imprensa é muito mais importante do que qualquer um possa imaginar", disse Paulo Lotufo, professor da Faculdade de Medicina e Superintendente do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo. A frase, pronunciada na abertura do 2º Seminário Ciência e Sociedade: Mediações Jornalísticas, na quarta-feira (8/12), lança mais luz sobre o dia-a-dia dos conflitos midiáticos.
No encontro, organizado pela Coordenação de Comunicação Social da Universidade de São Paulo, profissionais da área de saúde deixaram claro que a responsabilidade social da imprensa é enorme, a ponto de muitas vezes nem ser percebida pelos próprios protagonistas. Estar no meio de relações complexas – e de conflitos de interesses gigantescos –, afirmam, requer sempre uma atenção especial.
"Um dos principais problemas hoje é o grande complexo médico-industrial-midiático", disse Lotufo, no seminário realizado no auditório Ernst Hamburger da Estação Ciência da USP. Segundo o professor, as mídias nacional e internacional têm servido bastante aos interesses desse complexo. O ponto central da tese defendida por Lotufo é que a indústria farmacêutica precisa cada vez mais tornar o dia-a-dia das pessoas "medicalizado", para que o número de consumidores dos medicamentos possa aumentar.
Lotufo também não poupou os médicos. "No caso do jogador Serginho, por exemplo, a indústria dos desfibriladores apareceu bastante, apesar de ainda não se saber ao certo do que o jogador morreu. E muitos médicos falaram do caso apenas olhando a televisão", afirmou no debate mediado pela professora Cremilda Medina, da Escola de Comunicação e Artes.
Para outro participante do debate, Ruy Laurenti, professor da Faculdade de Saúde Pública e ouvidor-geral da USP, a predisposição da mídia pelas notícias negativas e a falta de preparo dos repórteres em alguns casos são os itens que mais chamam a atenção.
Laurenti mostrou um indicador que serve para realçar a importância da precisão da informação jornalística, especialmente com a velocidade de propagação tornada possível pela internet. "As informações técnicas hoje não são dadas apenas por médicos. No caso do New England Journal of Medicine, por exemplo, um único número da revista gera cerca de 450 reportagens diretas na imprensa mundial, segundo cálculos da própria publicação", conta. Para o professor, a replicação dessas informações pela internet pode causar a produção de outras centenas – ou milhares – de notícias.
Outro participante do debate, Tio Gastão – José Alberto de Souza Freitas, superintendente do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais de Bauru (Centrinho), mas, como ele mesmo explica, apenas sua mulher o chama assim – ressaltou o lado positivo da imprensa.
"A mídia pode fazer muito pela saúde. O caso do Centrinho mostra bem isso. Nós crescemos muito, principalmente por causa das notícias divulgadas sobre o nosso trabalho", disse Tio Gastão à Agência FAPESP.
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