Debate em São Paulo marca lançamento de edições espanholas do livro A Eleição de Israel - A polêmica entre judeus e cristãos sobre a doutrina do povo eleito
Debate em São Paulo marca lançamento de edições espanholas do livro A Eleição de Israel – A polêmica entre judeus e cristãos sobre a doutrina do povo eleito. Obra observa fenômeno religioso na perspectiva da ciência
Debate em São Paulo marca lançamento de edições espanholas do livro A Eleição de Israel – A polêmica entre judeus e cristãos sobre a doutrina do povo eleito. Obra observa fenômeno religioso na perspectiva da ciência
Debate em São Paulo marca lançamento de edições espanholas do livro A Eleição de Israel - A polêmica entre judeus e cristãos sobre a doutrina do povo eleito
Por Fábio de Castro
Agência FAPESP – Com base em um estudo cujo tema é o fenômeno religioso, o livro A Eleição de Israel – A polêmica entre judeus e cristãos sobre a doutrina do povo eleito, de Ariel Finguerman, foi lançado em 2003. Com adaptações, a obra do pesquisador do Centro de Estudos Judaicos da Universidade de São Paulo (USP) acaba de ser publicada na Espanha e ganhará, em setembro, uma edição latino-americana a preços populares.
Para comemorar o sucesso internacional da obra, o centro da USP realizará, na próxima quinta-feira (31/7), em São Paulo, a mesa-redonda “Judaísmo e Cristianismo: Eterno conflito ou possibilidade de diálogo?”.
Além de Finguerman, participarão do debate Edson de Faria Francisco, da área de Bíblia da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), o padre Ilário Mazzarolo, da Comissão Nacional de Diálogo Religioso Católico-Judaico da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e o Rabino Michel Schlesinger, da Congregação Israelita Paulista (CIP).
Finguerman, que atualmente finaliza doutorado na Universidade de Tel-Aviv, em Israel, com bolsa da FAPESP, realizou um estudo histórico comparativo entre a doutrina judaica do “povo eleito” e idéias similares no cristianismo, no confucionismo, na religião yorubá e na Babilônia.
“Várias religiões apresentam a idéia de um Deus único que escolhe um povo como seu mensageiro. Mas, em meio a todas elas, a relação entre judaísmo e cristianismo tem uma característica muito particular. Essa é a idéia fundamental do livro”, disse Finguerman à Agência FAPESP.
Seguindo a metodologia da ciência da religião, o pesquisador investigou a atitude de diversas religiões, em relação às outras, em um mundo no qual várias delas se dizem eleitas.
“Ignorar e desprezar são as posturas mais freqüentes. Os católicos, por exemplo, nem tomam conhecimento de que os yorubá se consideram no centro do mundo. Outros desprezam a centralidade da antiga Babilônia como simples falsidade”, disse.
Mas o mesmo não ocorre entre judaísmo e cristianismo, segundo Finguerman, pois os cristãos adotaram a doutrina judaica como parte de seu cânone, que passou a ser conhecido como Antigo Testamento. No livro, o autor defende que essa situação causou um conflito permanente no corpo doutrinário cristão.
“O Antigo Testamento cristão traz em si a idéia da eleição do povo judeu. Ao adotá-lo, o cristianismo de certa forma legitimou a eleição judaica, o que foge ao padrão de ignorar ou desprezar. Mas o cristianismo, ao mesmo tempo, fez uma série de esforços teológicos para anular a eleição judaica presente nas escrituras, embora nunca se tenha conseguido apagá-la totalmente ”, disse.
Jornalismo e livros
Tendo concluído o mestrado em 1999, na USP, o pesquisador, que é formado em jornalismo e filosofia, mudou-se para Israel. Em 2000, quando teve início a segunda Intifada, deixou de lado os estudos acadêmicos e assumiu, até 2004, a cobertura jornalística do conflito árabe-israelense para a Rede Globo. O resultado da atividade jornalística foi o livro Retratos de uma Guerra, lançado em 2005.
Com o fim do conflito, em 2004, iniciou seu doutorado em Estudos Científicos do Judaísmo, na USP e na Universidade de Tel-Aviv. A tese, sobre o tema “Teologia do Holocausto”, será defendida em São Paulo em agosto.
O livro foi publicado em 2003 e teve uma segunda edição em 2005. Nesse intervalo, de acordo com Finguerman, surgiu a oportunidade de uma versão voltada para um público mais amplo. Um padre católico espanhol ligado à Teologia da Libertação, em visita ao Brasil, teve contato com o livro e julgou que ele seria de interesse para a linha progressista que defende um diálogo entre as religiões.
“Ele propôs que lançássemos uma edição popular, em espanhol, dentro de uma coleção de livros da Teologia da Libertação, com distribuição em toda a América Latina. Para manter o preço entre US$ 3 e US$ 4, abri mão dos direitos autorais. Esta edição será lançada em setembro”, contou.
Em contrapartida, o livro de Finguerman foi apresentado à editora acadêmica Ediciones El Almendro, sediada em Córdoba, na Espanha, que acaba da publicar a obra com o título La Elección de Israel – Estudio Histórico Comparado sobre la Doctrina del "Pueblo Elegido" en las Religiones.
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