Experiências de Nicolelis subvertem princípios da neurobiologia e prometem membros robóticos movidos pelo cérebro (foto: Jim Wallace/Un.Duke)
Experimentos de ponta com o cérebro viajam da Universidade Duke a Natal junto com o desejo de fazer a ciência ajudar a transformar comunidades carentes. Leia em reportagem de Pesquisa FAPESP
Experimentos de ponta com o cérebro viajam da Universidade Duke a Natal junto com o desejo de fazer a ciência ajudar a transformar comunidades carentes. Leia em reportagem de Pesquisa FAPESP
Experiências de Nicolelis subvertem princípios da neurobiologia e prometem membros robóticos movidos pelo cérebro (foto: Jim Wallace/Un.Duke)
Revista Pesquisa FAPESP - Trata-se, sim, de um sonho. Ou melhor, de sua transposição para o mundo real. E nada parece mais afinado com o espírito de quem tem procurado insistentemente há duas décadas captar no cérebro e decodificar os sinais pouco visíveis das conexões entre pensamento e movimento, intenção e ação, desejo e realização.
O nome desse sonho que começa a se materializar com tijolos, cimento e profissionais de alto nível no Nordeste brasileiro é Instituto Internacional de Neurociência de Natal (IINN).
Seu sonhador-mor é Miguel Nicolelis, 45 anos, um respeitado neurobiólogo da Universidade Duke, nascido em São Paulo, formado médico pela Universidade de São Paulo (USP), em 1984, e conhecido sobretudo, apesar das importantes contribuições dadas à neurociência básica, por suas avançadas experiências com microeletrodos neurais implantados em macacos que, entre outros resultados, talvez possam levar ao desenvolvimento de próteses para seres humanos, tais como braços e pernas artificiais, ou seja, membros robóticos com movimentos comandados diretamente pelo cérebro. Quer dizer, pelo pensamento. Ou pela vontade. Para evitar injustiças, contudo, inclua-se logo na categoria de co-sonhadores do instituto dois colegas de Nicolelis: Sidarta Ribeiro e Cláudio Mello.
Imaginado à distância desde 2002, dentro de um laboratório que se expandia com fôlego até seus atuais 1.200 metros quadrados na Duke, em Durham, Carolina do Norte, o instituto brasileiro começou a funcionar em meados do ano passado. Ocupa nesse instante um prédio alugado de 1.500 metros quadrados numa rua simples da capital do Rio Grande do Norte, bem próxima à Favela Viasul, enquanto vão subindo as formas mais ambiciosas e sólidas de sua sede própria no campus da Escola Agrícola de Jundiaí, pertencente à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em Macaíba, pequena cidade a uns 20 quilômetros de Natal.
Observe-se que Macaíba não tem mais que uns 60 mil habitantes, enquanto Natal anda na faixa dos 800 mil. Em janeiro último, em meio à azáfama dos operários em três diferentes prédios do instituto em construção no campus, eram intensas as expectativas de que parte dessas instalações pudesse ser inaugurada durante o 2º Simpósio do Instituto Internacional de Neurociências de Natal, de 23 a 25 de fevereiro.
São três prédios, explique-se, porque um é destinado ao centro de saúde materno-infantil do projeto, outro ao centro de pesquisa propriamente e um terceiro ao centro de educação comunitária. Por aí já se percebe que Nicolelis e seus companheiros mais próximos pensam a pesquisa de ponta articulada com ação social, e disso eles não fazem nenhum segredo.
Tanto que na sala de espera da sede atual do IINN, que também abriga a Associação Alberto Santos Dumont para Apoio à Pesquisa (AASDAP), uma placa na parede informa aos visitantes que essa organização de sociedade civil de interesse público (Oscip), criada por eles em 17 de abril de 2004 justamente para viabilizar o instituto, "tem como objetivo a gestão de recursos próprios e de terceiros para a implantação de projetos sociais e de pesquisa científica". Prossegue: "Fundamenta-se na concepção de que a ciência de ponta pode, em países em desenvolvimento como o Brasil, servir como um poderoso agente de transformação social e econômica de comunidades localizadas em regiões carentes do território nacional".
Clique aqui para ler o texto completo na edição 132 de Pesquisa FAPESP.
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