Pesquisa feita na Faculdade de Odontologia da USP com 50 voluntários identificou o autor da mordida em 96% dos casos (foto: divulgação)
Marcas de dentes em alimentos podem ser utilizadas em investigações criminais. Pesquisa feita na Faculdade de Odontologia da USP com 50 voluntários identificou o autor da mordida em 96% dos casos
Marcas de dentes em alimentos podem ser utilizadas em investigações criminais. Pesquisa feita na Faculdade de Odontologia da USP com 50 voluntários identificou o autor da mordida em 96% dos casos
Pesquisa feita na Faculdade de Odontologia da USP com 50 voluntários identificou o autor da mordida em 96% dos casos (foto: divulgação)
Agência FAPESP - Um novo estudo desenvolvido na Faculdade de Odontologia (FO) da Universidade de São Paulo (USP) promete fazer com que criminosos sejam pegos pela boca – e sem ter que falar uma palavra. O resultado da pesquisa – uma técnica que analisa as marcas de mordidas em alimentos – poderá ser utilizado em breve pela polícia brasileira.
"Como cativeiros encontrados em todo o país costumam apresentar restos de comida, a idéia foi criar uma ferramenta eficiente de identificação dos criminosos pela mordida", disse o dentista e pesquisador Jeidson Marques, autor do estudo "Metodologias de identificação de marcas de mordidas", à Agência FAPESP.
Foram analisados os arcos dentários de 50 voluntários, que morderam amostras de três tipos de alimentos: chicletes, maçãs e barras de chocolate. Segundo Marques, de acordo com o trabalho de reconhecimento dos alimentos, em apenas duas situações não foi possível identificar o autor da mordida. Em ambos os casos, as marcas estavam impressas em maçãs.
O pesquisador utilizou um método de análise métrica para avaliar as mordidas, no qual um paquímetro calculou as medidas das marcas. Além dos alimentos, o estudo identificou que as mordidas encontradas em superfícies como a pele humana ou em objetos plásticos também podem auxiliar na investigação criminal. "As marcas de dente na pele são as mais encontradas na cena do crime, mas qualquer marca de dente pode auxiliar na aquisição de provas específicas por parte dos dentistas especializados em criminologia", afirma Marques.
A partir dos dados coletados durante os experimentos, o pesquisador criou um protocolo de identificação das mordidas. No material, que deverá gerar um livro sobre o assunto, foram listados itens que precisam ser considerados durante uma investigação, como a descrição detalhada do local em que foi encontrado o alimento, o uso de registro fotográfico, a forma de coleta e a medição do material.
O pesquisador da USP explica que a resolução da maioria dos crimes normalmente se dá por uma seqüência lógica de investigação. "Porém, em alguns casos, o tribunal do júri acaba não aceitando certas provas devido à falta de veracidade dos fatos. O protocolo padroniza a forma de investigação das mordidas para que os peritos tenham mais dados na hora de se apresentarem em juízo", explica.
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