Kirchner critica o descaso com o meio ambiente por parte dos países ricos
(foto: IISD/EMB-Leila Merd)
O presidente argentino, Néstor Kirchner, abre o Segmento de Alto Nível da COP 10, em Buenos Aires, reclamando abertamente dos países desenvolvidos. O ministro brasileiro Eduardo Campos contou à Agência FAPESP a posição que o Brasil defende na reunião
O presidente argentino, Néstor Kirchner, abre o Segmento de Alto Nível da COP 10, em Buenos Aires, reclamando abertamente dos países desenvolvidos. O ministro brasileiro Eduardo Campos contou à Agência FAPESP a posição que o Brasil defende na reunião
Kirchner critica o descaso com o meio ambiente por parte dos países ricos
(foto: IISD/EMB-Leila Merd)
Por Eduardo Geraque
Agência FAPESP - Começou nesta quarta-feira (15/12), em Buenos Aires, o Segmento de Alto Nível da 10ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas (COP 10), que reúne até o dia 17 mais de cem ministros de Estado e 80 delegados de diversos países do mundo.
O presidente argentino, Néstor Kirchner, abriu a reunião, deixando claro, logo de início, o tom dos debates. "Se compararmos o mapa mundial da pobreza e do endividamento financeiro com o mapa da localização dos maiores ativos ambientais, é fácil perceber a coincidência. Nesse sentido, reclamo aos países desenvolvidos que realizem esforços para solucionar a catástrofe que pode surgir das transformações do clima", disse, segundo o jornal El Clarín.
O Brasil deve aproveitar a participação do ministro Eduardo Campos, da Ciência e Tecnologia, para tentar fechar acordos com os países desenvolvidos, que precisam criar mecanismos compensatórios de redução das suas emissões de carbono. O Protocolo de Kyoto, que impõe a necessidade dessa diminuição, entra em vigor em fevereiro, mesmo sem os Estados Unidos.
"A reunião em Buenos Aires será uma oportunidade para que o Brasil firme entendimentos com alguns países", disse Campos à Agência FAPESP. Segundo o ministro, um dos acordos mais próximos de ser fechado é com a Itália. "Devemos fazer algo nos moldes que foi feito com o Canadá no mês passado", revelou.
Brasileiros e canadenses fecharam em novembro um convênio de cooperação para o desenvolvimento e a implementação de projetos de redução de emissões líquidas de gases responsáveis pelo efeito estufa. O memorando assinado também prevê outros intercâmbios na área ambiental.
Países em desenvolvimento, como Brasil e Argentina, terão menos de uma década para não se tornar alvos do próprio discurso que fazem hoje. A segunda fase do Protocolo de Kyoto, que deve ter início em 2013, também prevê que nações de fora do chamado Anexo I (caso do Brasil) tenham que reduzir suas emissões de carbono. "O importante agora é essa décima conferência. Não vamos acelerar e trazer a discussão de 2013 para hoje", disse Campos.
Segundo o inventário das emissões de carbono divulgado pelo Brasil na semana passada, somente em 1994 o país emitiu 1,03 bilhão de toneladas de carbono na atmosfera. O estudo, divulgado com anos de atrasos pelo governo federal, mostra que o desmatamento amazônico – que aumentou nestes últimos dez anos – é a grande força motriz desse processo.
"Essa reunião é um grande momento. O Brasil, que acaba de divulgar os seus números, irá reafirmar sua posição de liderança e defender a idéia de que essa causa é comum a todos, mas que os países contam com responsabilidades diferenciadas", disse Campos, horas antes de embarcar para a Argentina, na terça-feira (14/12).
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