Dados enviados pelo Soho são usados para descobrir cometa que passa próximo ao Sol. Quase metade de todos os cometas identificados até hoje se deve ao observatório espacial das agências ESA e Nasa (imagem: Soho)

Cometa número 1.500
01 de julho de 2008

Dados enviados pelo Soho são usados para descobrir cometa que passa próximo ao Sol. Quase metade de todos os cometas identificados até hoje se deve ao observatório espacial das agências ESA e Nasa

Cometa número 1.500

Dados enviados pelo Soho são usados para descobrir cometa que passa próximo ao Sol. Quase metade de todos os cometas identificados até hoje se deve ao observatório espacial das agências ESA e Nasa

01 de julho de 2008

Dados enviados pelo Soho são usados para descobrir cometa que passa próximo ao Sol. Quase metade de todos os cometas identificados até hoje se deve ao observatório espacial das agências ESA e Nasa (imagem: Soho)

 

Agência FAPESP – O Observatório Solar e Heliosférico (Soho, na sigla em inglês) das agências espaciais da Europa (ESA) e dos Estados Unidos (Nasa) acaba de atingir uma marca história, com a descoberta de seu cometa de número 1.500.

O pequeno cometa pertence ao grupo Kreutz e foi identificado pelo norte-americano Rob Matson, astrônomo amador e veterano caçador de cometas. Os cometas do grupo Kreutz têm sido observados há centenas de anos. Eles se deslocam muito próximos ao Sol, a ponto de muitos se evaporarem por conta da radiação da estrela.

O número conseguido pelo Soho é ainda mais impressionante ao se considerar que até hoje, com todos os métodos disponíveis, foram descobertos pouco mais de 3,3 mil cometas.

O sucesso do observatório se explica principalmente por sua posição. Localizado entre o Sol e a Terra, a espaçonave tem uma vista privilegiada de uma região do espaço que dificilmente é vista da Terra. Da superfície terrestre as regiões mais próximas ao Sol são possíveis de serem observadas apenas durante eclipses.

Segundo as agências ESA e Nasa, cerca de 85% de todos os cometas descobertos pelo Soho são fragmentos de um gigantesco cometa que se partiu há muitos séculos próximo ao Sol. São esses fragmentos que compõem o grupo conhecido como Kreutz.

Esses cometas passam a até 1,5 milhão de quilômetros da superfície solar quando retornam do espaço profundo, o que é muito pouco, pelo menos astronomicamente. Trata-se de 0,01 unidade astronômica (AU), ou seja, 1% da distância entre a Terra e o Sol.

A imagem do cometa de número 1.500 foi capturada com o Coronógrafo Espectrométrico de Ângulo Amplo (Lasco), um dos 12 instrumentos a bordo da nave. Apenas 15 minutos após a coleta pelo Soho, os dados se tornam disponíveis pela internet.

Astrônomos de todo o mundo, profissionais ou amadores, podem analisar nas imagens pontos que acham ser cometas. Quando alguém estiver certo de que encontrou um, pode submeter o resultado da análise ao Laboratório de Pesquisa Naval, em Washington, responsável pela checagem. Ali, a equipe coordenada por Karl Battam confere os dados e os envia ao Centro de Planetas Menores, onde o cometa é catalogado e sua órbita é calculada.

Segundo Battam, a riqueza de informações tornada possível pelo Soho e por esse processo de observação e análise está além de qualquer tentativa de medição.

"Estamos simplesmente conseguindo ver como os cometas morrem. Quando um deles passa constantemente pelo Sol, perde um pouco de gelo a cada vez, até que eventualmente se quebra em pedaços, deixando uma longa trilha de fragmentos. Graças ao Soho, os astrônomos contam com muitas imagens que mostram esse processo. Trata-se de um conjunto de dados que simplesmente não poderia ter sido reunido de outra forma", disse.

Sem contar que descobrir cometas não é a função principal do observatório espacial, que há 13 anos tem feito revelações extraordinárias sobre o Sol e o ambiente próximo à estrela. "Encontrar essa enorme quantidade de cometas é um bônus que não estava nos planos", disse Bernhard Fleck, cientista do projeto Soho.

Mais informações para quem quer se tornar um caçador de cometas: http://ares.nrl.navy.mil/sungrazer


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