Postura e flexibilidade do macaco-prego sugere que a evolução para o bipedismo humano é compartilhada com outros primatas, diz Dorothy Fragaszy (foto: E. Darvin e R. Silva/USP)
Postura e flexibilidade do macaco-prego sugere que a evolução para o bipedismo humano é compartilhada com outros primatas, diz Dorothy Fragaszy, da Universidade da Geórgia (EUA), que, junto com pesquisadores brasileiros, descreveu o uso de pedras para conseguir alimentos pela espécie Cebus libidinosus
Postura e flexibilidade do macaco-prego sugere que a evolução para o bipedismo humano é compartilhada com outros primatas, diz Dorothy Fragaszy, da Universidade da Geórgia (EUA), que, junto com pesquisadores brasileiros, descreveu o uso de pedras para conseguir alimentos pela espécie Cebus libidinosus
Postura e flexibilidade do macaco-prego sugere que a evolução para o bipedismo humano é compartilhada com outros primatas, diz Dorothy Fragaszy (foto: E. Darvin e R. Silva/USP)
Agência FAPESP – Os macacos-pregos selvagens da espécie Cebus libidinosus, encontrados na região de Boa Vista, no Piauí, têm fascinado a pesquisadora Dorothy Fragaszy, da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, tanto pela habilidade ao se alimentar como pela desenvoltura ao caminhar sobre duas pernas.
"A motivação é conseguir alimento. Eles carregam pedras pela mata até chegar a um tronco de árvore caída, que usam como base para quebrar coquinhos", disse. "O que me intriga e me instiga é como um animal com estrutura de quadrúpede pode assumir postura bípede com tanta propriedade."
Durante palestra no 12º Congresso Brasileiro de Primatologia, em Belo Horizonte, nesta terça-feira (24/7), a professora norte-americana mostrou fotos de dois machos e duas fêmeas adultas de macacos-prego durante a quebra de sementes.
Os macacos elevam o tronco para uma posição moderadamente ereta, a 80 graus em relação à horizontal (a elevação plena é de 90 graus durante a atividade bípede), mas os joelhos e quadris ficam curvados, em ângulos de 137 e 128 graus (em humanos o ângulo é de 180 graus). Em seguida, a cientista mostrou uma ilustração com os movimentos de um homem ao fazer levantamento de peso e as fotos de um macaco-prego ao levantar uma pedra.
"Aparentemente, o movimento é igual: eles viram as patas para fora e posicionam os braços para dentro dos joelhos, como os levantadores de peso, mas ainda não tenho dados suficientes para fazer essa comparação", disse.
A diretora do Laboratório de Comportamento de Primatas tem estudado os macacos-prego há alguns anos. Em 2004, junto com Patrícia Izar e Eduardo Ottoni, da Universidade de São Paulo, Marino Gomes de Oliveira, da Fundação BioBrasil, e Elizabetta Visalberghi, do Conselho Nacional de Pesquisas da Itália, Dorothy publicou artigo no American Journal of Primatology no qual descreveu o uso de pedras como ferramentas na alimentação dos macacos-prego. A comprovação foi notável, pois anteriormente só se conhecia tal uso por animais selvagens em chimpanzés.
Recentemente, Dorothy comparou macacos-prego que vivem em hábitat de Cerrado com macacos japoneses que tiveram anos de treinamento em caminhadas em pé. A conclusão é que o tronco dos macacos do Piauí, que aprenderam sozinhos, é tão ereto quanto o dos treinados no Japão.
Nas fotos mostradas no congresso, os animais aparecem saltitantes sobre duas pernas, carregando pedras de 1 quilo ou mais, o que equivale a cerca de três quartos do peso de um indivíduo dessa espécie. Fêmeas e machos têm habilidades similares, sendo que a fêmea ainda carrega o filhote nas costas.
Entusiasmada com o trabalho feito com os primatas junto com pesquisadores brasileiros, Dorothy afirmou esperar que outras equipes desenvolvam cada vez mais estudos com macacos-prego em outras áreas no país, para fazer comparações e avançar nos resultados.
Segundo ela, a postura e a flexibilidade locomotora do Cebus libidinosus sugerem que a evolução postural para o bipedismo humano é compartilhada com outros primatas.
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