Combinações nutritivas
19 de dezembro de 2005

Pesquisadores da USP desenvolvem alimentos a partir de farinha enriquecida com pulmão bovino, linhaça e grão-de-bico para aplicações variadas, como combater a anemia infantil e controlar o colesterol

Combinações nutritivas

Pesquisadores da USP desenvolvem alimentos a partir de farinha enriquecida com pulmão bovino, linhaça e grão-de-bico para aplicações variadas, como combater a anemia infantil e controlar o colesterol

19 de dezembro de 2005

 

Por Thiago Romero

Agência FAPESP - Combine farinha de trigo ou de milho com pulmão bovino, linhaça, amaranto (um tipo de erva) ou grão-de-bico. O resultado: produtos alimentícios de alto valor nutritivo. Essas misturas curiosas estão sendo experimentadas na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo (USP).

O objetivo dos pesquisadores, do Laboratório de Bioquímica e Propriedades Funcionais dos Alimentos, é testar a eficácia de diferentes tipos de farinha enriquecida. Para verificar os efeitos nutricionais de cada uma, diversas combinações foram testadas.

As utilizações potenciais variam de acordo com a mistura. "A farinha com pulmão bovino, por exemplo, pode ser utilizada para combater a anemia infantil. O amaranto é um forte aliado no controle dos altos índices de colesterol e a linhaça pode ser útil para prevenir os sintomas de mulheres no climatério", explica o professor José Alfredo Arêas, coordenador do estudo, à Agência FAPESP. "Misturas variadas podem ser feitas de acordo com as necessidades do consumidor."

As farinhas enriquecidas também apresentaram teores maiores de proteínas, fibras, cálcio e ferro quando comparadas às normalmente consumidas pela população. "Utilizamos também uma série de processos que permitiram eliminar totalmente a gordura saturada, gerando um alimento extremamente saudável e nutritivo", conta Arêas.

Para comprovar a eficácia do produto, os pesquisadores produziram salgadinhos feitos com a mistura da farinha de milho com pulmão bovino. Foram adicionados ainda pedaços de milho e de grão-de-bico, além de aromas naturais para melhorar a textura e o sabor do produto.

O alimento foi oferecido três vezes por semana, durante dois meses, a 260 crianças em duas creches públicas em Teresina, no Piauí, onde os índices de anemia são elevados. "Os resultados foram surpreendentes. A taxa de anemia em crianças acima de 6 anos diminuiu de 65% para 11% após o período de testes", afirma Arêas. No grupo controle, que não foi alimentado com os salgadinhos, a prevalência de anemia se manteve inalterada.

Para Arêas, os testes feitos em Teresina indicam a viabilidade desse tipo de alimento enriquecido. "O principal público é exatamente o das crianças em fase escolar, que consome alimentos altamente calóricos e com taxas insignificantes de proteína", diz o professor da FSP.


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