Celina Martelli, da Universidade Federal de Goiás, mostrou a experiência de controle da dengue em Goiânia (foto: E.Geraque)

Combate focal
22 de junho de 2004

Tanto em Goiânia como em Cuba, o controle da dengue, quando baseado em ferramentas direcionadas por premissas científicas, atingiu bons níveis de qualidade. Celina Martelli (foto), da UFG, apresentou a experiência goiana no 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

Combate focal

Tanto em Goiânia como em Cuba, o controle da dengue, quando baseado em ferramentas direcionadas por premissas científicas, atingiu bons níveis de qualidade. Celina Martelli (foto), da UFG, apresentou a experiência goiana no 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia

22 de junho de 2004

Celina Martelli, da Universidade Federal de Goiás, mostrou a experiência de controle da dengue em Goiânia (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Olinda

Agência FAPESP - Não se trata de comparar a cidade de Goiânia, no Centro-Oeste do Brasil, com o arquipélago de Cuba, no Caribe. Enquanto a dengue é um risco constante em terras brasileiras, nas cubanas, onde não existe a doença na sua forma endêmica, o controle, de forma geral, pode ser feito com mais tranqüilidade. A última grande epidemia da doença na ilha de Fidel Castro ocorreu em 1997, enquanto no Brasil, a cada ano o risco de que novos focos se espalhem está presente.

Durante o 6º Congresso Brasileiro de Epidemiologia, que ocorre em Olinda (PE), duas experiências de sucesso em suas determinadas regiões ajudaram a reforçar a idéia de que a relação entre pesquisa científica e vigilância sanitária é algo cada vez mais necessário.

O dialogo entre essas duas partes, que estão ao redor de um mesmo problema, deve ser cada vez maior. A opinião foi compartilhada pelos cientistas que participaram de um fórum sobre dengue no Centro de Convenções de Pernambuco.

"Uma das virtudes do nosso sistema é que ele consegue olhar de forma pontual para as diversas áreas de uma cidade", disse a professora Celina Martelli, da Universidade Federal de Goiás (UFG), à Agência FAPESP. Segundo a pesquisadora, a parceria entre universidade e poder público se mostrou bastante viável. "Entre outros objetivos, trabalhamos também para tentar atender as necessidades da sociedade".

Em Goiânia, os pesquisadores optaram por um grande inquérito entomológico, que atingiu 40 mil domicílios da cidade com cerca de 1 milhão de pessoas. Por meio de análises matemáticas feitas com os dados coletados, foi possível identificar as áreas de risco. "Um dos dados surpreendentes foi que havia 35 mais infectados na cidade do que os casos notificados aos órgãos competentes", contou Celina.

A visão local, segundo ela, foi importante para derrubar alguns mitos. "Em Goiânia, a questão do abastecimento de água e da densidade populacional não mostrou uma relação alta com o risco de dengue, ao contrário do que ocorre em outras cidades brasileiras", explicou.

Com base nos dados obtidos, segundo a pesquisadora da UFG, foi possível fazer campanhas de informação para a população. "Um trabalho mais direcionado para essas regiões da cidade está ajudando a controlar a doença", afirmou.

O mesmo fenômeno verificado em Goiás, segundo Maria Guzman, pesquisadora do Instituto de Medicina Tropical de Cuba, pode ser observado na população cubana. "A nossa estratégia é trabalhar na erradicação do mosquito, que é algo impossível mas que precisa ser sempre buscado, além da prevenção da doença, nos focos de mais risco", explicou.

Segundo Maria, que também é consultora da Organização Mundial de Saúde, a vigilância ativa é uma forma segura de conseguir conter doenças como a dengue. "Além das atividades que estimulam a participação da população nos sistemas de vigilância", disse. Há mais de três anos que Cuba não tem um caso de dengue registrado, segundo dados oficiais.


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