O guapuruvu, gigantesca árvore originária da planície litorânea, preocupa pesquisadores que trabalham em São Paulo, como Giselda Durigan (foto: E Geraque)

Com outros olhos
13 de outubro de 2005

O guapuruvu, gigantesca árvore originária da planície litorânea, preocupa pesquisadores que trabalham em São Paulo, como Giselda Durigan, para os quais a espécie deveria ser tratada como invasora

Com outros olhos

O guapuruvu, gigantesca árvore originária da planície litorânea, preocupa pesquisadores que trabalham em São Paulo, como Giselda Durigan, para os quais a espécie deveria ser tratada como invasora

13 de outubro de 2005

O guapuruvu, gigantesca árvore originária da planície litorânea, preocupa pesquisadores que trabalham em São Paulo, como Giselda Durigan (foto: E Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - "O guapuruvu é uma árvore linda", diz Giselda Durigan, da Estação Experimental de Assis do Instituto Florestal de São Paulo, elogiando a beleza e o porte grandioso da espécie. "Ela é nativa e até mesmo paulista, mas isso não significa que, no interior do Estado, ela não possa ser considerada invasora", disse a engenheira florestal à Agência FAPESP.

Giselda defende que um equívoco seja corrigido em relação ao guapuruvu (Schizolobium parahyba), que está na lista oficial das plantas consideradas importantes para a reconstituição das galerias das margens dos rios.

"Essa definição causa surpresa e também uma certa polêmica. Acho que o guapuruvu deveria ser retirado da lista, para que o problema possa ser pelo menos minimizado", disse a pesquisadora, que esteve em Curitiba, no 56º Congresso Brasileiro de Botânica, em uma mesa-redonda específica para a discussão dos problemas causados pelas espécies invasoras no país.

O problema a que Giselda se refere é bem ilustrado pela invasão florestal. Como se trata de um fenômeno recente, com menos de 30 anos, as implicações são desconhecidas. Mas algumas pistas já existem. "A árvore pode chegar a mais de 10 metros de altura. Ela tem uma madeira mole, que quebra com facilidade. Quando esses troncos caem, chegam a ser abertas clareiras de até 20 metros de diâmetro. É um estrago muito grande", aponta a pesquisadora.

Além do impacto físico, o guapuruvu não entra na cadeia local por não existirem animais, por exemplo, que se alimentam dele. Por crescer mais que as outras espécies – e de forma mais rápida –, ele pode ser considerado um competidor desleal.

"Mas existem ferramentas legais que podem ser usadas para corrigir esse problema", explica Giselda. Segundo ela, a lei assegura que medidas podem ser tomadas para respeitar o interesse social se o objetivo for manter o estado preservado das unidades de conservação ou ainda que visem a retirar espécies exóticas que foram introduzidas nessas áreas de proteção de forma equivocada.

"Na verdade, isso vale não apenas para o guapuruvu, como para todos os outros casos que estão sendo detectados", comenta. No Congresso Brasileiro de Botânica, Giselda também falou das espécies de pinus e de eucaliptos, outras invasoras que estão alterando bastante muitas regiões do interior de São Paulo.


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