Para Michael Greven, cientista político da Universidade de Hamburgo, democracia e capitalismo apresentam muitos canais de conexão, apesar de o segundo ainda existir sem o primeiro (foto: E.Geraque)
Para Michael Greven, cientista político da Universidade de Hamburgo, democracia e capitalismo apresentam muitos canais de conexão, apesar de o segundo ainda existir sem o primeiro
Para Michael Greven, cientista político da Universidade de Hamburgo, democracia e capitalismo apresentam muitos canais de conexão, apesar de o segundo ainda existir sem o primeiro
Para Michael Greven, cientista político da Universidade de Hamburgo, democracia e capitalismo apresentam muitos canais de conexão, apesar de o segundo ainda existir sem o primeiro (foto: E.Geraque)
Agência FAPESP - No mundo atual, apenas para citar os exemplos da China e, mais recentemente, da Rússia, além de vários outros existentes no continente africano, o capitalismo está em desenvolvimento mesmo onde a democracia não está presente. Apesar de recíproca não ser verdadeira, Michael Greven, da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, defende a tese de que existe uma coevolução até mesmo histórica entre os dois sistemas.
"Sem o capitalismo, provavelmente a moderna democracia não teria emergido", afirmou o cientista político em conferência realizada nesta quinta-feira (27/10), durante o 29º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs), em Caxambu (MG). Para Greven, a afirmação é válida tanto do ponto de vista histórico como em termos de fundamentos teóricos.
A discussão atual, a partir dos efeitos da globalização, costuma colocar em pólos opostos os defensores e os contrários a esse processo transnacional. Enquanto para os primeiros o capitalismo é algo essencial mesmo para o fortalecimento da democracia, os adeptos do segundo ponto de vista, como defendeu até mesmo o saudoso sociólogo Otávio Ianni em várias reuniões da Anpocs, pensam exatamente no caminho inverso.
Apesar de dar crédito ao pensamento liberal, para o cientista alemão o grupo contrário não admite os benefícios que a globalização costuma gerar, como os empregos dados pela indústria automobilística em países não-desenvolvidos.
Para ele, grande parte do problema sobre a pergunta se o capitalismo é uma espécie de obstáculo para a democracia reside no fato de que não existe um único tipo de estado democrático no mundo atual. "Não seria mais correto afirmarmos que estamos diante de vários mundos, muito tipos de sociedade?", questiona.
Dessa forma, acredita Greven, os impactos sobre a democracia são os mais variados. "Quem acredita que pode dar uma resposta única ao problema – e criar uma definição só de democracia, de como ela funciona, e assim por diante – não pode ser chamado hoje de cientista político", afirmou o conferencista.
Em termos de futuro, o professor da Universidade de Hamburgo é categórico ao afirmar que a aceitação da democracia pelas populações passará menos por essa questão mais intelectual da relação negativa ou positiva com o capitalismo e mais pelo aspecto realmente prático dos sistemas.
Isso tem a ver, segundo ele, com o balanço entre os chamados direitos individuais e coletivos, discussões que estão bastante presentes nas esferas sociais brasileiras e internacionais na atualidade.
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