Estudo vinculado ao Centro de Pesquisa em Alimentos da USP testa a hipótese de que pacientes com níveis mais altos desse ácido graxo no organismo têm melhor prognóstico (foto: Elias Shariff Falla Mardini/Pixabay)

Cientistas avaliam o potencial do ômega 3 para amenizar inflamação na COVID-19
27 de janeiro de 2022

Estudo vinculado ao Centro de Pesquisa em Alimentos da USP testa a hipótese de que pacientes com níveis mais altos desse ácido graxo no organismo têm melhor prognóstico

Cientistas avaliam o potencial do ômega 3 para amenizar inflamação na COVID-19

Estudo vinculado ao Centro de Pesquisa em Alimentos da USP testa a hipótese de que pacientes com níveis mais altos desse ácido graxo no organismo têm melhor prognóstico

27 de janeiro de 2022

Estudo vinculado ao Centro de Pesquisa em Alimentos da USP testa a hipótese de que pacientes com níveis mais altos desse ácido graxo no organismo têm melhor prognóstico (foto: Elias Shariff Falla Mardini/Pixabay)

 

Agência FAPESP* – O Centro de Pesquisa em Alimentos (FoRC) está conduzindo um estudo para avaliar o potencial da suplementação de ácidos graxos do tipo ômega 3 contra a inflamação associada à COVID-19.

O FoRC é um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP).

O grupo de pesquisa já havia verificado que casos graves da doença estão associados a uma inflamação exacerbada provocada pelo sistema imune e que a presença de ômega 3 nas células é capaz de mitigar essa inflamação.

Nesse estudo, feito em colaboração com a Vanderbilt University, nos Estados Unidos, foram coletadas amostras de sangue de 180 pacientes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FM-USP), no momento da internação, para analisar a quantidade de ômega 3 e ômega 6. A hipótese é que pacientes com mais ômega 3 teriam um melhor prognóstico devido à redução da inflamação.

“Nós utilizamos uma técnica muito sensível e identificamos uma diferença na relação ômega 3/ômega 6 nos pacientes. Agora, aguardamos os últimos resultados de nossos parceiros para confirmar a hipótese”, disse a professora Inar Castro, da FCF-USP.

Segundo Castro, durante uma infecção viral, a presença do RNA do vírus nas células faz o fator de transcrição NF-κB migrar do citoplasma para o núcleo. Lá, esse fator de transcrição promove a expressão de genes que codificam citocinas pró-inflamatórias. Isso resulta em uma cascata de ativação de enzimas que levam à produção de mais citocinas, aumentando a inflamação.

“Trata-se de um processo natural do sistema imune para atrair as células que combatem o patógeno para o local da infecção. No entanto, quando essa inflamação ocorre de forma exagerada, pode prejudicar o paciente”, comenta a professora.

Uma das enzimas ativadas, a fosfolipase A2, promove a liberação do ácido graxo ômega 6 presente nas membranas das células. Uma vez liberado no citoplasma, ele é oxidado e eleva a produção de prostaglandinas da série 2, mediadores lipídicos da inflamação, resultando em mais citocinas pró-inflamatórias. “Quando há uma maior concentração de ômega 3 nas membranas, ele é capaz de reduzir a síntese de prostaglandinas da série 2 e, consequentemente, reduzir a inflamação”, explica a pesquisadora.

Perspectivas

O grupo pretende nos próximos projetos também analisar qual seria o momento ideal de administrar os suplementos. O ômega 3 aumenta a síntese de mediadores que ajudam a cessar a inflamação, o que pode não ter um efeito positivo se a infecção estiver no começo, pois pode atrapalhar o combate ao vírus.

“Buscamos responder o que seria melhor: ter a suplementação antes de ser infectado e assim melhorar o prognóstico; ou suplementar durante a internação. Nesse caso, o organismo já teve tempo para fazer a sinalização necessária de inflamação para o sistema imune”, diz a professora.

Castro ressalta a necessidade de mais pesquisas e ensaios clínicos para comprovar os benefícios da suplementação de ômega 3 durante a COVID-19. “Os ácidos graxos ômega 3, por terem uma cadeia mais longa e serem mais insaturados, têm potencial para aumentar o estresse oxidativo – eles são mais fáceis de serem oxidados. Em outro sentido, os produtos de sua oxidação são menos citotóxicos do que os produtos do ômega 6, então a consequência para o organismo seria mais moderada.”

* Com informações da Assessoria de Comunicação do FoRC.
 

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