Ilustração do aqüífero Guarani (divulgação)

Ciclo perigoso
18 de fevereiro de 2004

Pesquisa feita na Universidade Federal de Santa Catarina mostra que os aqüíferos, grandes fontes de recursos hídricos, podem ser contaminados e se tornar reservas perigosas para o consumo humano

Ciclo perigoso

Pesquisa feita na Universidade Federal de Santa Catarina mostra que os aqüíferos, grandes fontes de recursos hídricos, podem ser contaminados e se tornar reservas perigosas para o consumo humano

18 de fevereiro de 2004

Ilustração do aqüífero Guarani (divulgação)

 

Por Kárin Fusaro

Agência FAPESP - Grandes extensões subterrâneas, os aqüíferos são formações de rochas vulcânicas cobertas por inúmeras fissuras nas quais existe água. Em situações de escassez, podem virar, literalmente, a salvação da lavoura. O problema é que eles correm o risco de contaminação justamente pela atividade agrícola.

A situação foi descrita na recente dissertação de mestrado Hidrogeoquímica e vulnerabilidade dos aqüíferos Serra Geral e Guarani, defendida por Cícero Augusto de Souza Almeida no Departamento de Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

De acordo com a pesquisa, o volume de águas das fontes hídricas Serra Geral e Guarani teria começado a aumentar após a construção dos reservatórios das usinas hidrelétricas de Itá e Machadinho. Por sua vez, a ligação entre as reservas de água teria feito com que os aqüíferos se tornassem vulneráveis às infiltrações de agrotóxicos e dejetos animais presentes na barragem.

A verificação da contaminação foi obtida a partir de amostras retiradas de poços profundos próximos aos aqüíferos, onde se constatou a presença de fosfatos e nitratos, relacionados à suinocultura e ao uso de adubos nas lavouras.

"A contaminação ainda não atingiu um nível que impeça o consumo, mas funciona como sinal de alerta", disse o professor da UFSC Luiz Fernando Scheibe, orientador do trabalho, à Agência FAPESP.

O aqüífero Serra Geral tem 1,2 milhão de quilômetros quadrados e passa pelos três Estados do Sul do país até chegar ao oeste de São Paulo. Com 1,8 milhão de quilômetros quadrados de área, o Guarani é um dos maiores reservatórios de água doce do mundo, cobrindo 39% do território do Mercosul.

Apesar de situados em profundidades diferentes no subsolo, os aqüíferos têm fraturas comuns, aumentando o risco de que substâncias nocivas ao homem e ao meio ambiente passem de um lado para o outro. Segundo Scheibe, algumas cidades do interior paulista são totalmente abastecidas com as águas do Serra Geral. O Aqüífero Guarani é utilizado por grandes indústrias e áreas termais com finalidades turísticas.


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