Centro preserva documentos e informações sobre a memória universitária e dos movimentos sociais, especialmente os de caráter político contemporâneo brasileiro (foto: Cedem)

Centro de Documentação e Memória da Unesp comemora 30 anos
04 de abril de 2017

Programação especial inclui seminário, debate, palestras, workshops e lançamento de livro

Centro de Documentação e Memória da Unesp comemora 30 anos

Programação especial inclui seminário, debate, palestras, workshops e lançamento de livro

04 de abril de 2017

Centro preserva documentos e informações sobre a memória universitária e dos movimentos sociais, especialmente os de caráter político contemporâneo brasileiro (foto: Cedem)

 

Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP O Centro de Documentação e Memória (Cedem) da Universidade Estadual Paulista (Unesp) comemora 30 anos com programação especial de workshops, seminários abertos ao público e o lançamento de um livro sobre o acervo de Lívio Xavier, jornalista, crítico literário e tradutor oficial das obras de Leon Trótski.

Além da agenda do tradicional Debate Cedem, promovido há 22 anos, e de conferências com personalidades do cenário político do país, como a deputada Luiza Erundina (PSOL-SP) e o embaixador Celso Amorim, há ainda o ciclo de workshops “Conservação Preventiva”, que será aberto ao público e prevê o treinamento de profissionais para atuar na organização dos acervos do Cedem.

“Estamos comemorando um grande acervo, não só em qualidade como também em quantidade, e que reflete um momento chave da história brasileira”, disse Sônia Troitiño, coordenadora do Cedem.

Troitiño se refere à preservação, pesquisa e difusão de documentos e informações sobre a memória universitária e a memória dos movimentos sociais, especialmente os de caráter político contemporâneo brasileiro.

Sediado no prédio da Unesp na praça da Sé, em São Paulo, o Cedem iniciou suas atividades com o objetivo de salvaguardar a memória da Unesp, que na época ainda não havia sido registrada.

“O Cedem não surgiu exclusivamente para cuidar da história da Unesp, mas para cuidar da história do ensino superior no Estado de São Paulo. É uma proposta maior de análise. Conseguimos consolidar informações que antes estavam concentradas na vivência das pessoas com o nosso projeto de história oral já naquela época”, disse Troitiño.

Em 1994, o projeto inicial se ampliou e o Cedem abriu uma nova linha de atuação: a história dos movimentos sociais brasileiros contemporâneos. “Isso se deu com a entrada de dois importantes conjuntos de acervos documentais, incialmente com o Instituto Astrojildo Pereira e o ASMOB [sigla em italiano para Arquivo Histórico do Movimento Operário Brasileiro]”, disse Troitiño.

Os dois acervos contêm os documentos da fundação do Partido Comunista Brasileiro (PCB), em 1922 (originalmente denominado Partido Comunista do Brasil), arquivos pessoais de Astrojildo Pereira, um dos fundadores do partido, documentos do Centro do Movimento Operário Mário Pedrosa (Cemap) e arquivos pessoais de Mário Pedrosa e de Fúlvio Abramo.

Troitiño conta que, durante o período da ditadura militar, movimentos de resistência levaram para Milão, na Itália, documentos que hoje estão no Cedem, com medo de que eles fossem perdidos ou destruídos. Os documentos voltaram para o Brasil 20 anos depois do fim da ditadura, indo diretamente para o Cedem.

“Quando dois acervos dessa envergadura chegam, é claro que temos que abrir uma nova linha de atuação. A partir daí o Cedem começa a receber doações e outros fundos que tratam da história política contemporânea, como o movimento feminino, o Fundo Clóvis Moura de questões raciais, Fundo Oboré de movimentos sindicais e até o espelhamento da documentação da gestão municipal da Erundina”, disse.

Troitiño destacou a importância do apoio da FAPESP ao Centro. “Ao longo dos 30 anos, o Cedem recebeu vários apoios da FAPESP, não só para pesquisa como também para aquisição de equipamentos e infraestrutura para manter o acervo”, disse.

O Cedem conta ainda com uma coleção de 5 mil ilustrações sindicais, 3.500 cartazes e os originais de cartunistas como Laerte, Glauco e Henfil, além de fotografias, panfletos e documentos textuais manuscritos e impressos. “Por causa de todo esse acervo, nos tornamos referência internacional, tanto para pesquisadores quanto para momentos importantes para o país, como as Comissões da Verdade”, disse.

Para mais informações acesse a página do Cedem-Unesp no endereço www.cedem.unesp.br.
 

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