O pescado, alimento de origem aquática, tem maior potencial de benefício à saúde comparado a outras fontes animais (imagem: Freepik)

Ciência para o Desenvolvimento
Centro apoiado pela FAPESP se destaca por pesquisas aplicadas à melhoria do pescado para a saúde humana
01 de julho de 2025

Em quase 3 anos desde sua criação, Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde traz resultados estratégicos para compreensão do valor nutricional e dos hábitos de consumo de pescado no Estado, recebe novos investimentos e se prepara para aumentar número de pesquisadores associados

Ciência para o Desenvolvimento
Centro apoiado pela FAPESP se destaca por pesquisas aplicadas à melhoria do pescado para a saúde humana

Em quase 3 anos desde sua criação, Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde traz resultados estratégicos para compreensão do valor nutricional e dos hábitos de consumo de pescado no Estado, recebe novos investimentos e se prepara para aumentar número de pesquisadores associados

01 de julho de 2025

O pescado, alimento de origem aquática, tem maior potencial de benefício à saúde comparado a outras fontes animais (imagem: Freepik)

 

André Julião | Agência FAPESP – Iniciado em outubro de 2022, o Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde, apoiado pela FAPESP no âmbito do programa Centros de Ciência para o Desenvolvimento (CCDs), já trouxe resultados relevantes da ciência aplicada sobre a qualidade do pescado para a saúde humana e para o conhecimento dos hábitos de consumo desses alimentos, entre outros.

“O centro é um esforço de pesquisa que une a capacidade científica da academia com o mandato do governo do Estado para o tema, por meio do Instituto de Pesca, além de empresas que participam e cofinanciam a pesquisa científica com o objetivo de resolver um problema concreto da sociedade”, diz Daniel Lemos, professor do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IO-USP) e coordenador do projeto.

Além do IO-USP e do Instituto de Pesca – vinculado à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo –, o centro conta ainda com pesquisadores da Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Também participam do projeto empresas brasileiras e de países como Noruega, Países Baixos, França e Estados Unidos.


Equipe do Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde (foto: divulgação)

Entre os trabalhos mais recentes, o centro publicou no final do ano passado os resultados de uma pesquisa sobre os hábitos de consumo de pescado no Estado de São Paulo. Uma das conclusões foi de que ele é baixo e que a tilápia é o pescado favorito dos paulistas.

“Existem estudos mostrando que o pescado pode ser mais saudável do que outras proteínas animais. Um grande impedimento para um consumo mais elevado pelos brasileiros é o preço, que ainda é elevado para uma significativa parcela da população”, afirma o pesquisador.

Atualmente o 16º país que mais produz pescado cultivado no mundo, o Brasil tem condições para estar entre os maiores nas próximas décadas, segundo Lemos, assim como já está no caso de outros alimentos, como laranja, milho, soja, carne bovina e de frango.

Há cerca de 50 anos, lembra, a produção de aves era pequena e o preço, alto. Com o desenvolvimento tecnológico e sua adoção nas criações, aumentou-se a produção exponencialmente e hoje a carne de frango é a mais popular disponível no país.

“A tilápia está no caminho para se tornar o próximo frango, podendo alcançar produção suficiente para o mercado interno e para exportação, com baixo custo”, aponta.

Para Lemos, além da redução do preço ao consumidor, é preciso facilitar o acesso e diversificar os hábitos alimentares, ressaltando as vantagens nutricionais que os alimentos de origem aquática apresentam em relação às carnes vermelhas.

O centro atualmente realiza um levantamento on-line, como parte de uma pesquisa maior, para avaliar a aceitação de produtos fabricados a partir de carne mecanicamente separada (CMS) de peixes, como hambúrgueres, almôndegas, quibe, salsicha, mortadela etc.

Enquanto esses produtos são inúmeros na indústria das carnes bovina, suína e de frango, são relativamente poucos na de pescado, onde normalmente o que não é filé ou posta tende a virar ração animal ou mesmo fertilizante. “Basta pensar que o filé de tilápia representa, em média, apenas 30% do peixe”, conta Lemos.

Mais nutritivos

A melhoria da qualidade nutricional do pescado é um dos focos principais do centro, que atualmente realiza uma grande pesquisa para avaliar os nutrientes e contaminantes presentes nos principais pescados consumidos no Estado. São testadas, ainda, potenciais aplicações para o enriquecimento desses alimentos.

Em estudo publicado recentemente na revista Aquaculture Research, por exemplo, os pesquisadores testaram a adição de óleo de alga em substituição à farinha ou ao óleo de peixe na ração de camarões cultivados.

O objetivo era enriquecer a carne do crustáceo com ácidos graxos EPA e DHA (ômega-3) obtidos a partir de microalgas, gordura poli-insaturada essencial para o organismo humano, sem depender dos estoques pesqueiros, já excessivamente explorados, para alimentar os animais cultivados.

O resultado foi uma proteína animal com atributos sensoriais equivalentes aos dos camarões alimentados com ração contendo óleo de peixe, além de verificar que os teores de EPA e DHA na carne podem ser incrementados com o aumento de inclusão na dieta.

Ainda na linha do ômega-3, um projeto de pesquisa do centro busca genes ligados ao acúmulo desses nutrientes na carne da tilápia. A ideia é encontrar marcadores genéticos que possam ser usados futuramente em programas de melhoramento, ajudando a criar tilápias naturalmente mais ricas em gorduras saudáveis.

O sucesso do Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde tem atraído novos investimentos e pesquisadores associados, que em breve fortalecerão as pesquisas dentro dos objetivos do centro, que incluem ainda a disseminação de conhecimento científico sobre pescado e saúde.

Para conhecer melhor o Núcleo de Pesquisa Pescado para Saúde, acesse: https://pescadoparasaude.org/.
 

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