Monitor apresenta as funcionalidades do Infobee na AgriZone , durante a COP30 (foto: Paula Drummond/Semear Digital)

Agricultura digital
Centro apoiado pela FAPESP apresenta tecnologias digitais para produção de mel e açaí
26 de novembro de 2025

Soluções para agricultores familiares do arquipélago do Marajó, no Pará, foram destaque na AgriZone da COP30

Agricultura digital
Centro apoiado pela FAPESP apresenta tecnologias digitais para produção de mel e açaí

Soluções para agricultores familiares do arquipélago do Marajó, no Pará, foram destaque na AgriZone da COP30

26 de novembro de 2025

Monitor apresenta as funcionalidades do Infobee na AgriZone , durante a COP30 (foto: Paula Drummond/Semear Digital)

 

Agência FAPESP * – O Centro de Ciência para o Desenvolvimento em Agricultura Digital (Semear Digital) apresentou na AgriZone – a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa, durante a COP30 em Belém (PA) – soluções digitais para agricultores familiares das cadeias do mel e do açaí desenvolvidas no Distrito Agrotecnológico (DAT) de Breves, município do arquipélago de Marajó, no Pará. Sediado na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agricultura Digital, em Campinas (SP), o Semear Digital é um dos CCDs da FAPESP.

Entre as tecnologias está a plataforma Infobee, desenvolvida pela Embrapa em parceria com a Equilibrium Web, que reúne informações técnico-científicas, econômicas e de mercado para apicultores e meliponicultores. A ferramenta oferece recursos como o ZapBee, atendimento via WhatsApp com inteligência artificial, um calendário apícola e um meliponário 3D para fins educativos. O objetivo é apoiar criadores na melhoria das práticas de manejo e na qualificação da produção.

Além da plataforma, o Semear Digital está aprimorando o ManejaTech-Açaí, aplicativo criado para apoiar o manejo de açaizais nativos, como os que ocorrem em Breves. A ferramenta funciona sem necessidade de internet, uma condição essencial na região. O aplicativo permite que o próprio produtor realize o inventário florestal dos açaizeiros em sua área, defina parcelas e registre as plantas existentes, receba recomendações automáticas de manejo, como desbaste, replantio ou direcionamento da produção, acompanhe o histórico de intervenção e colheita e registre a produção e comercialização de forma padronizada (leia mais em: agencia.fapesp.br/53407).

“O ManejaTech-Açaí é construído a partir da realidade do produtor. Não é uma solução que nasce da cabeça do pesquisador ou do analista, mas das dinâmicas e necessidades identificadas no campo”, explica Michell Costa, da Embrapa Amazônia Oriental. Segundo ele, a participação ativa dos agricultores desde a definição das funcionalidades até os testes em campo é o que garante a utilidade da ferramenta.

Representando os produtores do Marajó, Afonso Queiroz destaca o impacto prático do ManejaTech-Açaí na rotina dos agricultores. Segundo ele, a ferramenta já começa a transformar a gestão da cadeia. “O aplicativo é um marco para o açaí do Marajó. Com o registro digital, o produtor consegue comprovar sua produção e acessar crédito com mais segurança. Antes era tudo no papel, hoje sabemos exatamente quais áreas são mais produtivas e onde precisamos concentrar o trabalho”, afirma.

Novas funcionalidades do aplicativo preveem reconhecimento assistido de plantas, cálculo automático de biomassa e estimativas de carbono estocado, funções que podem apoiar iniciativas de crédito verde e certificação ambiental no futuro.

“Queremos apoiar o desenvolvimento de pesquisas em internet das coisas [IoT] e inteligência artificial para dotar os manejadores de biodiversidade amazônica de ferramentas digitais que possam ajudar no aumento da produtividade e renda, porém com a manutenção da floresta em pé”, completa Costa.

“Queremos mostrar que a agricultura brasileira pode ser parte da solução para a crise climática e isso também passa por incluir os pequenos e médios produtores rurais na transformação digital”, afirma Silvia Massruhá, presidente da Embrapa e coordenadora-geral do Semear Digital. “O desafio do Semear Digital é desenvolver soluções digitais para a agricultura de pequena e média escala. Atuamos em dez municípios, organizados como distritos agrotecnológicos, presentes em todos os biomas do Brasil, onde testamos tecnologias em cadeias como mel, açaí, leite, frutas e aquicultura, entre outras. Na Amazônia, nosso distrito agrotecnológico é em Breves, com a cadeia de açaí e mel”, explica Edson Bolfe, da Embrapa Agricultura Digital.

Durante a COP30, a AgriZone, instalada na Embrapa Amazônia Oriental, sediou cerca de 400 atividades. Entre os destaques, o meliponário Iratama (“casa das abelhas”) recebeu visitantes interessados nas abelhas nativas da Amazônia, na maioria sem ferrão, cuja importância ecológica e econômica vai além da produção de mel, se entrelaçando com o manejo florestal do açaí (leia mais em: agencia.fapesp.br/56490).

No Iratama, visitantes puderam conhecer de perto espécies como abelha-mosquito, jataí e mirim, fundamentais para a polinização de plantas amazônicas, incluindo o açaí. Pesquisas apontam que a presença e diversidade dessas abelhas podem elevar de forma significativa a produção de frutos. Segundo o pesquisador Daniel Pereira, da Embrapa Amazônia Oriental, o Brasil conta com 244 espécies de abelhas, das quais 119 ocorrem no Pará e cerca de 30 já são manejadas em colmeias.

* Com informações de Paula Drummond, do Semear Digital.
 

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