Educação básica e inclusão social também podem ser feitas pelos centros de ciência. Congresso no Rio discutiu o problema
(foto: African Societies)
No 4º Congresso Mundial de Centros de Ciência, no Rio de Janeiro, cientistas discutem modelos de diferentes países de como a difusão científica pode contribuir para a educação básica e para a promoção da inclusão social
No 4º Congresso Mundial de Centros de Ciência, no Rio de Janeiro, cientistas discutem modelos de diferentes países de como a difusão científica pode contribuir para a educação básica e para a promoção da inclusão social
Educação básica e inclusão social também podem ser feitas pelos centros de ciência. Congresso no Rio discutiu o problema
(foto: African Societies)
Agência FAPESP - Na sessão plenária do primeiro dia do 4º Congresso Mundial de Centros de Ciência, que está sendo realizado no Rio de Janeiro até 14 de abril, a discussão feita por representantes de centros de ciência de diferentes países – ricos e pobres – concentrou-se em como os centros de ciência em geral podem contribuir para a educação básica e para a promoção da inclusão social.
O presidente da Fundação IBM nos Estados Unidos, Stanley Litow, citou a educação como a maior preocupação da gigante da informática e comentou algumas iniciativas da empresa nesse sentido, por meio de programas de capacitação e de desenvolvimento de tecnologias em escolas norte-americanas e de outros 150 países.
Analisando uma realidade completamente diferente da norte-americana, Lídia Brito, secretária do Ministério de Educação Superior, Ciência e Tecnologia de Moçambique, sugeriu caminhos para quebrar as barreiras e tornar possível o desenvolvimento.
"Temos de investir em capacidade científica e dar à população acesso à tecnologia e ao conhecimento. O desenvolvimento sustentável depende disso. Precisamos desenvolver uma cultura de ciência", disse ela.
Paulo Gadelha, vice-presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), citou a experiência brasileira na promoção da ciência e do diálogo da comunidade científica com os cidadãos.
"A Fiocruz trabalha na fronteira da tecnologia com a saúde, então disponibilizamos à população aquilo que foi desenvolvido dentro dos laboratórios como, por exemplo, uma vacina. Por outro lado, temos os programas sociais de inclusão, nos quais incorporamos a comunidade das favelas que nos cercam ao trabalho na Fundação", explicou.
Para a engenheira Elisabeth Rasekoala, fundadora da Rede África-Caribe para a Ciência e Tecnologia, localizada na Inglaterra, certos tipos de iniciativas e programas não dão certo porque têm uma abordagem de cima para baixo.
"É preciso fazer convergir o conhecimento dos dois lados, e não achar que somente a comunidade científica tem informação e conhecimento a oferecer aos cidadãos que não fazem parte dela", afirmou.
Ela citou dois programas desenvolvidos pela Comunidade Européia – os projetos Delivering Inclusion in Science Communication (Disc), direcionado a adultos, e o Ethnic, direcionado a crianças –, que buscam evitar barreiras étnicas e de raça pela da integração de cientistas e minorias étnicas.
"Muitos dos cientistas disseram que nunca tinham interagido com minorias étnicas e vice-versa. Esse é um quadro que tem de mudar. O interesse existe, o problema é superar a exclusão", disse a pesquisadora.
Elisabeth contou que o projeto da Comunidade Européia funciona em rede. A idéia é que centros de ciência europeus "apadrinhem" comunidades tidas como minorias. Exemplos são a Itália, que tem programas com filipinos e peruanos, e a Áustria, que desenvolve projetos com a comunidade turca, que representa quase 30% da população do país.
O Congresso Mundial de Centros de Ciência acontece a cada três anos, e já foi sediado na Finlândia, na Índia e na Austrália. A Fiocruz é a instituição anfitriã desta edição no Brasil.
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