Foto: Universidade de Utah

Células-tronco contra a doença de Chagas
12 de dezembro de 2003

Células-embrionárias são retiradas da medula óssea do paciente e injetadas diretamente no coração. Técnica desenvolvida por imunologistas da Fundação Oswaldo Cruz e da UFRJ ganhou o Prêmio Zerbini de Cardiologia

Células-tronco contra a doença de Chagas

Células-embrionárias são retiradas da medula óssea do paciente e injetadas diretamente no coração. Técnica desenvolvida por imunologistas da Fundação Oswaldo Cruz e da UFRJ ganhou o Prêmio Zerbini de Cardiologia

12 de dezembro de 2003

Foto: Universidade de Utah

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Desde julho um protocolo cirúrgico para melhorar a qualidade de vida dos pacientes que sofrem com a doença de Chagas está sendo praticado em Salvador. O procedimento é baseado em estudos feitos há cerca de três anos por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de Salvador, e da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

A principal conquista dos cientistas foi descobrir que células-tronco adultas, retiradas do próprio paciente, podem ser usadas como terapia para pacientes chagásicos em estado grave.

A doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi, ataca principalmente o coração dos seres humanos. O sistema de defesa não consegue identificar com precisão as células atingidas pelo microrganismo e acaba destruindo também as partes sadias do órgão. Sabendo disso, os imunologistas da Fiocruz, Ricardo Ribeiro dos Santos e Milena Botelho Soares, e o fisiologista Antonio Carlos Campos de Carvalho, da UFRJ, resolveram agir diretamente nesse processo.

Na primeira parte da cirurgia, é aspirado o líquido da medula óssea do paciente. As células-tronco são isoladas e depois injetadas nas artérias do coração. Os resultados até agora mostram que o novo material celular ajuda o coração a se fortalecer e, portanto, se defender melhor do Trypanosoma. Os responsáveis pelo estudo acreditam que a sobrevida pode chegar a dois anos.

As estimativas mostram que no Brasil existem seis milhões de pessoas com mal de Chagas. Deste total, 30% desenvolvem a doença em sua forma mais grave. Como para essas pessoas o transplante não resolve – o Trypanosoma volta a atacar o coração sadio –, a técnica da Fiocruz pode ser uma das únicas saídas.

Segundo disse Santos à Agência FAPESP, o protocolo para o procedimento cirúrgico está totalmente definido. Um dos problemas que surge agora é de ordem econômica. Como o paciente com Chagas é normalmente das camadas mais pobres da população, multiplicar a técnica e ainda torná-la disponível para um grande número de pessoas é um desafio que deve ser enfrentado.

O trabalho ganhou o prêmio da Prêmio Zerbini de Cardiologia, do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas de São Paulo, entregue no início do mês em São Paulo, na categoria nacional. O valor da premiação foi de US$ 20 mil.


  Republicar
 

Republicar

A Agência FAPESP licencia notícias via Creative Commons (CC-BY-NC-ND) para que possam ser republicadas gratuitamente e de forma simples por outros veículos digitais ou impressos. A Agência FAPESP deve ser creditada como a fonte do conteúdo que está sendo republicado e o nome do repórter (quando houver) deve ser atribuído. O uso do botão HMTL abaixo permite o atendimento a essas normas, detalhadas na Política de Republicação Digital FAPESP.