Carneiros nas instalações individuais para estudo de metabolismo, onde além de haver controle de ingestão de alimentos, era possível colher fezes e urina para calcular a absorção e a retenção aparentes de selênio (foto: divulgação)
Pesquisa realizada na USP, em Pirassununga (SP), aponta que a adição de fontes orgânicas de selênio na ração de carneiros aumenta de forma considerável, em apenas três meses, a presença do mineral na carne
Pesquisa realizada na USP, em Pirassununga (SP), aponta que a adição de fontes orgânicas de selênio na ração de carneiros aumenta de forma considerável, em apenas três meses, a presença do mineral na carne
Carneiros nas instalações individuais para estudo de metabolismo, onde além de haver controle de ingestão de alimentos, era possível colher fezes e urina para calcular a absorção e a retenção aparentes de selênio (foto: divulgação)
Agência FAPESP - A adição de fontes orgânicas de selênio na dieta de carneiros contribuiu para o aumento do teor do mineral na carne do animal, como indica um estudo feito na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, da Universidade de São Paulo (USP), em Pirassununga (SP).
O trabalho comparou duas fontes orgânicas de selênio, o selênio-levedura e o selênio-metionina. Atualmente, por causa do baixo custo, a fonte mais utilizada na alimentação dos caprinos é o selenito de sódio, de origem inorgânica.
O selênio é importante por ser um mineral antioxidante. Além de prevenir o envelhecimento devido ao combate aos radicais livres, ele pode reduzir a incidência de alguns tipos de câncer, como de próstata, de mama ou de pulmão. Também tem potencial para auxiliar no aumento da resistência às doenças pela melhora que pode provocar na resposta imune. Desde a década de 1980, estudos apontam deficiência do mineral tanto na alimentação de animais quanto de seres humanos no Brasil.
Durante os experimentos feitos em Pirassununga, o mineral foi misturado às rações de carneiros, que as ingeriram por cem dias para, logo em seguida, serem abatidos. Os três níveis de suplementação analisados foram 0,2 miligrama, 0,8 miligrama e 1,4 miligrama de mineral por quilo de ração. Um grupo de animais não suplementado foi utilizado como controle. A pesquisa resultou na tese de doutorado de Fernanda Alves de Paiva, com orientação do professor Marcus Antonio Zanetti.
Ao fim de três meses, segundo Zanetti, pôde ser verificado um aumento significativo da presença de selênio na carne dos animais que ingeriram ração com as duas fontes orgânicas. Em contrapartida, entre os animais suplementados com os três níveis de ração com selenito de sódio, as alterações na quantidade de selênio na carne foram mínimas.
"O melhor resultado foi verificado com a adição de 1,4 miligrama de selênio-levedura. Nesse caso, a carne do animal apresentou oito vezes a mais selênio quando comparado às carnes de animais que ingeriram ração com selenito de sódio. Os animais que ingeriram ração com selênio-metionina também apresentaram um teor cinco vezes maior", disse Zanetti à Agência FAPESP.
Os pesquisadores concluíram que, considerando o nível mais baixo de suplementação orgânica com selênio-levedura (0,2 miligrama por quilo de ração), um consumo diário de 100 gramas de carne seria suficiente para fornecer todo o selênio de que um indivíduo adulto necessita. A quantidade recomendada é de 40 microgramas de selênio por dia.
Zanetti explica que, atualmente, 99% da suplementação em animais é feita com o mineral inorgânico, o selenito de sódio. "Apesar de suprir as deficiências de selênio nos animais, o selenito de sódio aumenta em quantidades mínimas a presença do mineral na carne. Nossa intenção foi mostrar que, apesar de serem mais caras, essas duas fontes orgânicas podem ser utilizadas com mais eficiência para compor a carne do animal", explica.
Segundo o pesquisador, apesar de os estudos terem sido feitos em carneiros, os resultados obtidos em Pirassununga, em tese, podem ser transportados para o boi. "Os dois animais são ruminantes e apresentam muitas semelhanças em seus metabolismos", disse.
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