Professor e pesquisador do Instituto de Biologia da Unicamp, Joly foi um dos criadores do Programa BIOTA-FAPESP e se destacou não apenas pelo trabalho acadêmico, mas também pela capacidade de influenciar políticas públicas (foto: Agência FAPESP)

Carlos Joly recebe título de Professor Emérito da Unicamp
01 de dezembro de 2021

Professor e pesquisador do Instituto de Biologia da Unicamp, Joly foi um dos criadores do Programa BIOTA-FAPESP e se destacou não apenas pelo trabalho acadêmico, mas também pela capacidade de influenciar políticas públicas

Carlos Joly recebe título de Professor Emérito da Unicamp

Professor e pesquisador do Instituto de Biologia da Unicamp, Joly foi um dos criadores do Programa BIOTA-FAPESP e se destacou não apenas pelo trabalho acadêmico, mas também pela capacidade de influenciar políticas públicas

01 de dezembro de 2021

Professor e pesquisador do Instituto de Biologia da Unicamp, Joly foi um dos criadores do Programa BIOTA-FAPESP e se destacou não apenas pelo trabalho acadêmico, mas também pela capacidade de influenciar políticas públicas (foto: Agência FAPESP)

 

Maria Fernanda Ziegler  |  Agência FAPESP – O Conselho Universitário (Consu) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) aprovou ontem (30/11) a concessão do título de Professor Emérito a Carlos Alfredo Joly, professor titular aposentado do Instituto de Biologia e um dos criadores do Programa de Pesquisas em Caracterização, Conservação, Restauração e Uso Sustentável da Biodiversidade (BIOTA-FAPESP).

“Fico muito feliz em receber essa honraria. É um reconhecimento e tanto. Recebi a notícia no meio de uma reunião do Programa BIOTA e foi uma grande alegria”, disse Joly à Agência FAPESP.

Joly se graduou em ciências biológicas na Universidade de São Paulo (USP) em 1976, fez mestrado na Unicamp em 1979 e doutorado em ecofisiologia vegetal na University of St. Andrews (Escócia), em 1982. Atuou como professor e pesquisador nas áreas de ecofisiologia vegetal e conservação da biodiversidade.

Em 1999, juntamente com o Naercio Menezes, propôs ao Conselho Superior da FAPESP a criação de um programa de pesquisa para mapear a biodiversidade do Estado de São Paulo. Era o começo do Programa BIOTA-FAPESP (leia mais em: agencia.fapesp.br/34866)

“Sua atividade como professor sempre trouxe contribuição excepcional para a formação dos estudantes. Recebeu vários prêmios e reconhecimentos por sua atividade de pesquisa. Mas talvez a atividade de maior impacto intelectual, científico e social que ele liderou foi a consolidação do Programa BIOTA, um dos mais bem sucedidos da FAPESP e um dos maiores programas de pesquisa sobre biodiversidade em qualquer lugar do mundo”, disse Carlos Henrique de Brito Cruz, ex-diretor científico da FAPESP e um dos pareceristas no Conselho Universitário da Unicamp.

Além de formar pesquisadores e ampliar o conhecimento sobre a biodiversidade, o BIOTA-FAPESP destacou-se, sobretudo, pelo que veio a ser o seu principal legado: oferecer bases científicas para a criação de instrumentos legais e para o aperfeiçoamento da legislação ambiental do Estado. Atualmente, pelo menos 20 decretos e resoluções citam nominalmente o programa.

“O BIOTA conseguiu algo raríssimo no mundo: ter leis, resoluções e decretos relacionados, que citam os resultados da pesquisa do programa como base para a formulação dos decretos. Ou seja, é política pública estritamente referenciada no resultado científico. Isso não é pouco”, destacou Brito ao apresentar o parecer elaborado em conjunto com os professores Thomas Michael Lewinsohn e Watson Loh, ambos da Unicamp.

“Produzir ciência também se reflete em fornecer subsídios para a formulação de políticas públicas e o Programa BIOTA tem conseguido transitar entre gerar o conhecimento e ter a sua aplicação. Aqui no Estado de São Paulo, felizmente, isso tem evoluído muito desde 2008, quando foi produzido um guia de áreas prioritárias de conservação. Desde essa época há uma parceria muito forte com a Secretaria [de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo], que evoluiu para lançarmos até mesmo editais de pesquisa em conjunto – parte do recurso vem do fundo de compensação ambiental e a outra da FAPESP”, explicou Joly.

O Consu também destacou a atuação internacional de Joly. Isso porque, nos anos 1990, ao mesmo tempo em que começava o BIOTA em São Paulo, o pesquisador integrou o Conselho do Diversitas, programa ligado à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) que trata de temas referentes à biodiversidade.

“Naquele momento já se discutia a criação de um organismo para a biodiversidade, semelhante ao IPCC [Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas]. Isso acabou amadurecendo e resultou na criação da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), que agora faz relatórios que subsidiam a tomada de decisão da Convenção de Diversidade Biológica”, disse Joly.

A honraria foi aprovada por unanimidade no Consu, com 68 votos favoráveis. “Estou no Conselho Universitário há 26 anos e poucas vezes vi um encaminhamento de emérito que destaque não apenas o [aspecto] numérico [da produção acadêmica], mas também a relevância nacional e internacional”, disse Claudia Bauzer-Medeiros, professora do Instituto de Computação da Unicamp e coordenadora do Programa FAPESP de Pesquisa em eScience e Data Science.

Bauzer-Medeiros destacou, na reunião do Consu, que durante o período em que colaborou com o Programa BIOTA pode testemunhar a forma como Joly se empenhava em atrair pesquisadores das mais diversas áreas para trabalharem juntos, desenvolvendo pesquisas multidisciplinares.

“Também gostaria de ressaltar que mesmo aposentado ele continua extremamente ativo na formulação de pesquisas e projetos de reconhecimento mundial, portanto, esse é um prêmio mais do que merecido”, disse Bauzer-Medeiros.
 

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