Saúde bucal dos adolescentes paulistas poderia estar melhor

Cáries ainda em alta
20 de setembro de 2005

Saúde bucal dos adolescentes em São Paulo não anda bem, apesar de ter melhorado desde 1980. Levantamento feito por grupo da Unicamp mostra que apenas 10% dessa faixa etária não tem o problema

Cáries ainda em alta

Saúde bucal dos adolescentes em São Paulo não anda bem, apesar de ter melhorado desde 1980. Levantamento feito por grupo da Unicamp mostra que apenas 10% dessa faixa etária não tem o problema

20 de setembro de 2005

Saúde bucal dos adolescentes paulistas poderia estar melhor

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Em média, seis dentes com experiência de cárie. Pesquisa realizada por um grupo de Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP), que pertence à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), mostra que a saúde bucal dos jovens paulistas poderia estar bem melhor. Do total de amostras analisadas, apenas 10% estavam totalmente livre das cáries.

"A avaliação do índice de experiência em cárie mostra que 71% desses dentes com problemas já estão obturados, o que mostra acesso ao tratamento odontológico. Entretanto, detectamos um grupo que concentra grande parte da doença", disse Maria da Luz de Souza, professora da FOP e principal autora do estudo, à Agência FAPESP.

Nesse grupo específico detectado pelos pesquisadores, a média de dentes com experiência de cárie subiu para 12. "No terço da população com os maiores índices do problema, verificou-se também haver acesso aos serviços odontológicos, por causa da alta porcentagem de dentes restaurados", explicam os pesquisadores no artigo "Cárie dentária em adolescentes de 15 a 19 anos de idade no Estado de São Paulo, Brasil, 2002", publicado na Cadernos de Saúde Pública. Entretanto, como a análise mostrou a existência de uma alta porcentagem de dentes perdidos, o problema está longe de ser resolvido.

Segundo Maria da Luz, esse quadro revela dois pontos importantes. "Muitas vezes faltam serviços públicos que ofereçam tratamento de qualidade. Além disso, a baixa renda da população impede a escolha. As pessoas acabam optando pelos métodos mais baratos de tratamento, que consistem na simples extração dos dentes afetados", conta.

Os resultados – a análise considerou 1.825 exames feitos dentro do programa "Condições de Saúde Bucal no Estado de São Paulo", de 2002 –, tratados a partir das informações sobre etnia dos indivíduos amostrados, revelaram mais detalhes sobre os donos das cáries. "O grupo de não-brancos apresenta maior porcentual de dentes cariados e perdidos", aponta Maria da Luz. O mesmo vale para os homens quando comparados com as mulheres.

Além da simples questão do acesso aos serviços odontológicos de qualidade, outros fatores que possam estar associados a essa maior ocorrência de cárie entre os negros estão sendo estudados pelos pesquisadores de Piracicaba.

"Outra informação importante, que ajuda todos os grupos, está relacionada com a fluoretação das águas de abastecimento público", disse Maria da Luz. A pesquisa revelou que, em municípios com água fluoretada, a porcentagem da população livre de cáries foi maior que 10%, quase o dobro das demais cidades.

Desde 1975, o flúor é considerado um componente essencial de programas de prevenção de cárie no Brasil. Há 30 anos existe uma lei que obriga todas as cidades a montar um sistema de fluoretação de água de abastecimento público. Mesmo assim, em muitos locais isso ainda não saiu do papel.

Apesar de o estudo indicar com mais precisão onde estão as cáries entre os adolescentes paulistas, e que o problema existe em grande quantidade se comparado com outros países, Maria da Luz prefere uma análise otimista. "No geral, pode ser verificado uma melhora na saúde bucal dos adolescentes. No levantamento nacional, o grupo referente ao Sudeste apresentou em média 12 dentes com experiência de cárie. Agora, vimos que isso está reduzido pela metade", disse.

Para ler o artigo "Cárie dentária em adolescentes de 15 a 19 anos de idade no Estado de São Paulo, Brasil, 2002", publicado nos Cadernos de Saúde Pública e disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.


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