No interior do Acre, projeto Aldeias Vigilantes pretende criar rede de aldeias para denunciar biopiratas e proteger o conhecimento tradicional (foto: E.Geraque)

Capacitação contra biopirataria
29 de março de 2006

No interior do Acre, projeto Aldeias Vigilantes pretende criar rede de aldeias para denunciar biopiratas e proteger o conhecimento tradicional. Povo manchineri é o primeiro a participar da iniciativa

Capacitação contra biopirataria

No interior do Acre, projeto Aldeias Vigilantes pretende criar rede de aldeias para denunciar biopiratas e proteger o conhecimento tradicional. Povo manchineri é o primeiro a participar da iniciativa

29 de março de 2006

No interior do Acre, projeto Aldeias Vigilantes pretende criar rede de aldeias para denunciar biopiratas e proteger o conhecimento tradicional (foto: E.Geraque)

 

Por Eduardo Geraque, de Curitiba

Agência FAPESP - Terra Indígena do Mamoadate, em Assis Brasil, município do interior do Acre, é onde vive o povo manchineri, o primeiro a participar do projeto Aldeias Vigilantes. A iniciativa, conduzida pela ONG Amazonlink e financiada pelo Ministério do Meio Ambiente, visa a capacitar povos indígenas contra a biopirataria.

Em sua primeira fase, o programa orienta índios sobre como proteger o acesso aos conhecimentos tradicionais – índios presentes em Curitiba, na Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP 8), dizem preferir o termo "saberes ancestrais". "Para nós, conhecimentos tradicionais é o que existe entre os seringueiros e ribeirinhos", explica Sebastião Manchineri, representante do povo de que traz o nome, à Agência FAPESP.

A partir de informações transmitidas por meio de oficinas, os indígenas poderão encaminhar as denúncias. "A idéia é que, a partir da detecção da biopirataria, os membros da aldeia possam, por rádio, informar o núcleo de apoio, como um posto da Funai. Em seguida, a informação deve chegar ao grupo gestor do projeto que, por sua vez, a encaminhará para um órgão como o Ibama ou a Polícia Federal", explica Michael Schmidlehner, presidente da Amazonlink.

"O projeto é interessante porque pode ajudar contra as ameaças que existem. Ele vai contribuir para melhorar as condições de vigilância e até evitar eventuais conflitos de terra", afirma Manchineri. O povo manchineri extrapola as fronteiras políticas traçadas pelo homem branco, pois vive tanto no Brasil como no Peru e na Bolívia.

Apesar dos esforços para proteger os povos indígenas dos biopiratas, o presidente da Amazonlink concorda que dar uma definição para biopirataria é algo complicado. "Alguns povos não são contra nenhum tipo de pesquisa e são a favor do acesso, desde que tudo esteja dentro da lei. Outros, entretanto, nem a favor do acesso são", conta Schmidlehner.

Mais informações sobre a COP 8: www.biodiv.org e www.cdb.gov.br


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