Novo estudo descobre na saliva quatro moléculas associadas ao câncer de boca que permitem identificar a presença de tumores em 91% dos casos. Na ilustração, a interleukina (MCLD)

Câncer de boca é detectado pela saliva
23 de dezembro de 2004

Novo estudo feito por pesquisadores da UCLA descobre na saliva quatro moléculas associadas à doença que permitem identificar a presença de tumores em 91% dos casos

Câncer de boca é detectado pela saliva

Novo estudo feito por pesquisadores da UCLA descobre na saliva quatro moléculas associadas à doença que permitem identificar a presença de tumores em 91% dos casos

23 de dezembro de 2004

Novo estudo descobre na saliva quatro moléculas associadas ao câncer de boca que permitem identificar a presença de tumores em 91% dos casos. Na ilustração, a interleukina (MCLD)

 

Agência FAPESP - Usar a saliva para detectar com grande eficiência o câncer de boca. A novidade é de um grupo de cientistas norte-americanos que conseguiu medir na saliva níveis elevados de quatro moléculas associadas à doença. Com as medições, foi possível identificar o problema em 91% dos casos.

O estudo, publicado na edição de 15 de dezembro da revista Clinical Cancer Research, foi financiado pelo Instituto Nacional de Pesquisa Dentária e Craniofacial (NIDCR), um dos Institutos Nacionais de Saúde, nos Estados Unidos.

Segundo o NIDCR, a pesquisa é a primeira publicada na literatura científica a conseguir que padrões distintos de RNA mensageiro (RNAm) – molécula que transmite as informações contidas no DNA até os ribossomos – não apenas fossem medidos na saliva, mas indicassem um tumor em desenvolvimento.

Um dos líderes do estudo, David Wong, da Faculdade de Odontologia da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), acredita que será possível chegar aos 99% ou 100% de eficiência em breve, com o aprimoramento do exame – possivelmente pela inclusão de RNA mensageiros adicionais e relacionados ao câncer.

O câncer de boca inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral – mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral e assoalho da boca. Segundo dados de 2003 do Instituto Nacional do Câncer (Inca), trata-se do sétimo mais freqüente e o nono em mortalidade para ambos os sexos no Brasil. Os fatores que podem levar ao câncer de boca são fumo, álcool, má higiene bucal e uso de próteses dentárias mal ajustadas.

Wong lembra que não há, atualmente, testes bioquímicos ou genéticos disponíveis comercialmente para o diagnóstico do câncer de boca. O cientista também ressalta que os padrões de RNA na saliva podem informar outros tipos de câncer, além de doenças comuns.

"A saliva é o espelho do nosso sangue", diz Wong. "Por isso, estamos conduzindo novos estudos, usando-a como um possível fluido de diagnóstico para outras doenças e outros tipos de câncer." Segundo ele, os primeiros resultados das novas pesquisas deverão estar prontos até maio de 2005.

O pesquisador conta que ele e seus colegas na UCLA não pretendiam estudar os padrões de RNAm na saliva, uma vez que o trabalho que faziam estava centralizado na mucosa. O foco da pesquisa mudou depois que uma das integrantes do grupo, a médica Maie St. John, ponderou: "Se proteínas associadas ao câncer de boca estão presentes na mucosa bucal, não poderiam também passar do tecido para a saliva?"

Os cientistas foram atrás da resposta. Extraíram o RNAm de pacientes com tumores e verificaram que 1.679 genes eram expressos de modo diferente do que em indivíduos saudáveis. Depois de refinarem a análise, descobriram que a presença de quatro dessas moléculas aumentava grandemente a probabilidade de que a saliva pertencesse a um paciente com câncer. Os quatro RNAm são dos seguintes genes: interleukina 1-beta (IL1B), ornitina decarboxilase antizima 1 (OAZ1), espermidina/espermina N1-acetil transferase (SAT) e interleukina 8 (IL-8).

Os resultados animadores servem para destacar que, segundo Wong, a saliva tem um grande valor clínico para diagnóstico. "Muitos têm encarado a saliva como algo muito difícil de trabalhar no laboratório, em parte porque a informação molecular nela contida é altamente degradável. Mas a verdade é que há maneiras consistentes de manter as moléculas estáveis. Em nosso estudo, por exemplo, conseguimos barrar por completo a degradação do RNAm na saliva", conta.

O artigo Salivary Transcriptome Diagnostics for Oral Cancer Detection, de David Wong e colegas, pode ser lido no endereço: http://clincancerres.aacrjournals.org


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