Para Claudete Paula é preciso imaginar que as infecções hospitalares podem ser causadas mais pelos fungos
(foto: arquivo pessoal)

Campo livre para fungos
23 de março de 2005

Como forma de contribuir para o controle das infecções hospitalares por fungos, problema grave mas nem sempre considerado, grupo de pesquisa da USP lança folheto informativo sobre o assunto

Campo livre para fungos

Como forma de contribuir para o controle das infecções hospitalares por fungos, problema grave mas nem sempre considerado, grupo de pesquisa da USP lança folheto informativo sobre o assunto

23 de março de 2005

Para Claudete Paula é preciso imaginar que as infecções hospitalares podem ser causadas mais pelos fungos
(foto: arquivo pessoal)

 

Por Eduardo Geraque

Agência FAPESP - Nas três últimas décadas principalmente, os fungos passaram a ter uma importância muito grande no campo das infecções hospitalares. Por causa do forte combate feito contra as bactérias, esse outro tipo de microrganismo foi deixado de lado e, mesmo hoje, ainda é pouco considerado quando os clínicos deparam com um quadro de infecção em hospitais.

"Precisamos pensar mais que uma infecção hospitalar pode ser causada por fungos, não apenas por bactérias. O tratamento é totalmente diferente", disse Claudete Paula, professora do departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, à Agência FAPESP.

Segundo a pesquisadora, infecções causadas pela levedura Candida albicans, por exemplo, aparecem em terceiro lugar na lista geral que considera também as bactérias. "A letalidade é de aproximadamente 60%. Em recém-nascidos, por exemplo, essa taxa pode ser até maior", explica.

Como forma de contribuir para um eventual controle das infecções fúngicas, Claudete e outros dois pesquisadores resolveram organizar um folheto para auxiliar os clínicos a desenvolver um tratamento adequado. "O material mostra as principais espécies de leveduras e como está a resistência e a sensibilidade delas, in vivo, frente aos principais antifúngicos", explica.

Segundo a pesquisadora da USP é cada vez mais importante uma aproximação entre os laboratórios científicos e os hospitais para que o diagnóstico sobre a real causa da infecção seja obtido da forma mais rápida possível. "Essa aproximação ainda precisa ser maior. Faltam cursos e maior divulgação dos serviços que podem ser feitos pelos laboratórios", disse.

O maior número de ocorrências de origem fúngica em hospitais tem várias explicações, segundo Claudete. "Esse aumento é fruto do uso indiscriminado de antibacterianos, que deixaram o campo livre para os fungos", conta. Além disso, segundo a pesquisadora, a aparelhagem hospitalar mais sofisticada pode levar os microrganismos mais facilmente ao sangue humano. "O aumento da vida dos pacientes imunocomprometidos, alvos fáceis para os fungos, também contribui para essa mudança nas estatísticas."

Mais informações e pedidos do folheto: www.icb.usp.br/~crpmicol


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