Cientista propõe a adoção de um calendário com feriados e aniversários caindo sempre nos mesmos dias da semana, ano a ano. O novo modelo traria, segundo afirma, grandes benefícios práticos e econômicos

Calendário permanente
22 de dezembro de 2004

Richard Henry, da Universidade Johns Hopkins e da Nasa, propõe a adoção de um calendário com feriados e aniversários caindo sempre nos mesmos dias da semana, ano a ano. O novo modelo traria, segundo afirma, grandes benefícios práticos e econômicos

Calendário permanente

Richard Henry, da Universidade Johns Hopkins e da Nasa, propõe a adoção de um calendário com feriados e aniversários caindo sempre nos mesmos dias da semana, ano a ano. O novo modelo traria, segundo afirma, grandes benefícios práticos e econômicos

22 de dezembro de 2004

Cientista propõe a adoção de um calendário com feriados e aniversários caindo sempre nos mesmos dias da semana, ano a ano. O novo modelo traria, segundo afirma, grandes benefícios práticos e econômicos

 

Agência FAPESP - Com 2005 batendo às portas, antigas dúvidas voltam a atacar: por que os calendários anuais mudam? Por que meu aniversário cai no sábado em um ano e no domingo no ano seguinte? Por que sempre temos que procurar quando cairão os feriados? E, principalmente, por que usamos o mesmo calendário há mais de 400 anos, desde que o Papa Gregório modificou um outro instituído pelo senador romano Júlio César em 46 a.C.?

Se depender de um cientista norte-americano, todas essas dúvidas deixarão de existir em breve. Não no ano que vem, mas no seguinte. Richard Conn Henry, professor do Departamento de Física e Astronomia Henry A. Rowland, da Universidade Johns Hopkins, sugere a adoção de um novo sistema para marcar a passagem dos dias. Um calendário melhorado, baseado na análise científica e que permitiria "profundos benefícios práticos e econômicos", segundo Henry.

O pesquisador, também ligado à Nasa – é diretor do Maryland Space Grant Consortium e participou dos programas Apolo 17, Mariner 9 e Hubble –, usou programas de computador e fórmulas matemáticas complexas para adaptar o calendário proposto em 1996 pelo matemático norte-americano Bob McClenon. Ao resultado, deu o nome de C&T, de Calendar-and-Time Plan.

O modelo de Henry, canadense naturalizado norte-americano, é sempre o mesmo. Ou seja, cada período de 12 meses é idêntico ao seguinte. Janeiro, fevereiro, abril, maio, julho, agosto, outubro e novembro têm 30 dias. Março, junho, setembro e dezembro têm 31. Se um aniversário cai no sábado em um ano, cairá também no sábado no ano seguinte e em todos os outros. Natal e Ano-Novo seriam sempre aos domingos.

"É só pensar um pouco sobre quanto tempo e esforço são dispendidos para adaptar os calendários de cada organização no mundo ao calendário do próximo ano que as vantagens do C&T se tornam óbvias. Ele faria a vida muito mais simples, permitiria um planejamento racional das atividades e traria benefícios econômicos imensos, especialmente para as empresas", disse em comunicado da Universidade John Hopkins.

Henry começou uma campanha – a partir de um site na internet – para estimular a adoção do calendário C&T em 1º de janeiro de 2006. Segundo ele, a data seria ideal, uma vez que cai no domingo tanto pelo calendário atual quanto pelo novo, o que facilitaria a transição.

Segundo o cientista, o C&T promete evitar as falhas dos diversos calendários propostos nos últimos cem anos. "Reformas no calendário sempre falharam por uma razão simples: todas as principais propostas envolviam a quebra do ciclo semanal de sete dias. Isso sempre foi – e provavelmente sempre será – totalmente inaceitável, pois vai contra o mandamento do respeito ao sétimo dia. O C&T nunca quebra o ciclo bíblico", explica.

Quando o calendário gregoriano modificou o juliano, em 1582, precisou remover 11 dias no mês em que entrou em vigor, outubro. O motivo para o ajuste deriva do mesmo problema que torna um desafio tão grande a construção de outro calendário hoje: o fato de que há um número não exato de dias no ano terrestre. São exatamente 365,2422 dias, o tempo de translação da Terra em torno do Sol. Para lidar com a "sobra", o calendário atual marca um ano bissexto – com 366 dias – a cada quatro. A exceção são os anos múltiplos de cem e que não sejam múltiplos de 400.

Para resolver o problema, Henry propõe o abandono dos anos bissextos e a adoção, a cada cinco ou seis anos, de um ano diferenciado, com sete dias a mais. A esse período adicional, entre junho e julho, o cientista deu o nome de "Semana Newton", em homenagem ao inglês Isaac Newton (1643-1727).

O calendário C&T seria idêntico ao atual em 15% do tempo. Em 29% manteria uma diferença de apenas um dia. A Semana Newton ocorreria irregularmente, em anos como 2009, 2015, 2020 e 2026. Ela ajudaria o calendário a se manter o mais próximo possível do ciclo de estações – no máximo cinco dias de diferença.

Mais informações – incluindo dúvidas freqüentes – e o calendário C&T em versão html, .doc ou pdf estão no endereço: http://henry.pha.jhu.edu/calendar.html


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