Dália Rodrigues, do Instituto Oswaldo Cruz, alerta para um problema que tem preocupado médicos e cientistas em todo o mundo: a resistência de bactérias, vírus e fungos a medicamentos (foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz)

Cada vez mais resistentes
25 de outubro de 2006

Dália Rodrigues, do Instituto Oswaldo Cruz, alerta para um problema que tem preocupado médicos e cientistas em todo o mundo: a resistência de bactérias, vírus e fungos a medicamentos

Cada vez mais resistentes

Dália Rodrigues, do Instituto Oswaldo Cruz, alerta para um problema que tem preocupado médicos e cientistas em todo o mundo: a resistência de bactérias, vírus e fungos a medicamentos

25 de outubro de 2006

Dália Rodrigues, do Instituto Oswaldo Cruz, alerta para um problema que tem preocupado médicos e cientistas em todo o mundo: a resistência de bactérias, vírus e fungos a medicamentos (foto: Gutemberg Brito/IOC/Fiocruz)

 

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP - Especialistas de diversos países estão reunidos no Rio de Janeiro para tratar de um problema de saúde pública que tem preocupado médicos e cientistas em todo o mundo: a resistência de microrganismos – bactérias, vírus e fungos – a medicamentos.

"Os microrganismos estão fazendo entre eles um intercâmbio de material genético de resistência. E se essa resistência representa um grande perigo para o homem, para eles significa evolução. Aqueles que sobrevivem são os mais resistentes e terão capacidade de continuar", disse a bacteriologista Dália Rodrigues, chefe do laboratório de Referência Nacional de Enteroinfecções Bacterianas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), instituição organizadora do 3º Simpósio de Resistência aos Antimicrobianos, que ocorre até o dia 27 no Hotel Glória.

"Nas edições anteriores do simpósio, tratamos somente da resistência aos antibióticos. Desta vez, decidimos abrir a discussão para as resistências viral e fúngica. Atualmente, na infecção por fungos, as drogas usadas não têm surtido efeito. Quanto ao HIV, há também o problema da resistência do vírus aos anti-retrovirais, resistência que também é uma barreira em outros casos de infecção viral, como a hepatite B e o influenza", disse Dália à Agência FAPESP.

O simpósio também terá a discussão de aspectos relativos ao H5N1, o vírus da gripe aviária. "O vírus da Ásia talvez já não seja o mesmo, talvez tenha sofrido mutações no ambiente. Isso é importante saber, caso ele migre para outro lugar", avaliou Dália.

Segundo a pesquisadora, o objetivo não é centrar a discussão sobre as drogas resistentes aos microrganismos, mas sim avaliar o que médicos e cientistas podem fazer para mudar o quadro. "A salmonela, por exemplo, há alguns anos era sensível a todos os medicamentos. Hoje, ela é resistente a mais de 15 drogas", disse.

A salmonelose, causada pela bactéria, é uma doença de transmissão alimentar que pode ilustrar o quão perto estão os micróbios dos seres humanos. "Doenças como essa podem ser adquiridas por meio de maus hábitos alimentares. Com a necessidade de comer na rua, o que garante que não estamos ingerindo ovos de parasita ou bactérias de trato intestinal em folhas de alface?", questionou.

Um agravante do problema da resistência dos microrganismos a medicamentos é, segundo a chefe do laboratório de Referência Nacional de Enteroinfecções Bacterianas do IOC, causado pelo próprio homem: a automedicação.

"A pessoa se automedica, usa remédios de forma errada mais de uma vez e cria bactérias ou vírus resistentes àquela doença. O microrganismo é expelido no ambiente e passa a resistência a outro de sua espécie, que pode estar num alimento que será consumido por outra pessoa. Esse é o ciclo de transmissão de um microrganismo resistente", alertou.


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