Novo estudo, feito a partir de imagens obtidas por dois satélites da Nasa, indica que as auroras boreal e austral são diferentes e não imagens refletidas, como se acreditava até então (foto: Nasa)

Cada pólo com sua aurora
07 de abril de 2005

Novo estudo, feito a partir de imagens obtidas por dois satélites da Nasa, indica que as auroras boreal e austral são diferentes e não imagens refletidas, como se acreditava até então

Cada pólo com sua aurora

Novo estudo, feito a partir de imagens obtidas por dois satélites da Nasa, indica que as auroras boreal e austral são diferentes e não imagens refletidas, como se acreditava até então

07 de abril de 2005

Novo estudo, feito a partir de imagens obtidas por dois satélites da Nasa, indica que as auroras boreal e austral são diferentes e não imagens refletidas, como se acreditava até então (foto: Nasa)

 

Agência FAPESP - Cada pólo tem sua aurora. Enquanto no Norte há a boreal, o Sul tem a austral. Apesar dos nomes distintos, há alguns anos os cientistas acreditavam que uma fosse o reflexo da outra, como se houvesse um espelho entre elas.

Novas observações feitas pela Nasa, a agência espacial norte-americana, acabam de indicar que os fenômenos são realmente diferentes. De acordo com os cientistas responsáveis pelo estudo, a principal causa da diferença parece ser a interação entra a atmosfera solar e o campo magnético terrestre.

Análise feita a partir de imagens obtidas com os satélites Polar e Image mostrou como as auroras se movem e mudam de forma, influenciadas pelo campo magnético que aponta para o Sol e pelas condições dos ventos solares.

Em 2002, outro estudo havia indicado que os auroras eram reflexos uma da outra. A pesquisa também havia sido baseada em imagens obtidas pelo Polar, que pela primeira vez mostrou, de uma única vez, as duas auroras em movimentos sincronizados e com luminosidade semelhante.

O estudo de agora foi conduzido por cientistas da agência espacial, em parceria com pesquisadores da Universidade de Iowa e da Universidade da Califórnia em Berkeley, e publicado na revista Geophysical Research Letters. De acordo com os autores, os resultados mostram que as auroras são muito mais complicadas do que se imaginava até então.

"Esta é a primeira análise a usar observações simultâneas das auroras nos dois hemisférios para rastrear suas posições e movimentos exatos", disse o líder da pesquisa, Timothy Stubbs, do Centro Espacial Goddard, da Nasa. Os cientistas tiveram sorte, uma vez que as órbitas dos satélites estavam alinhadas no exato momento em que as auroras puderam ser observadas em todos os seus detalhes.


Movidas pelo Sol

A porção mais externa da atmosfera solar é formada por um gás extremamente fino e eletrificado, que é conhecido como vento solar, uma vez que "sopra" constantemente a partir do Sol a uma velocidade de aproximadamente 400 quilômetros por segundo.

O campo magnético da Terra forma um obstáculo ao vento solar e se comprime em uma bolha estendida conhecida como magnetosfera. É justamente essa formação que protege o planeta do vento solar. Entretanto, algumas vezes partículas sopradas pelo Sol conseguem penetrar nesse escudo magnético. E são justamente as colisões entre essas e as partículas carregadas da atmosfera terrestre que emitem as luzes da aurora.

No estudo divulgado agora, os cientistas observaram a movimentação dos discos em direções opostas em relação à orientação do campo magnético interplanetário – o campo que viaja pelo espaço junto com o vento solar. Eles verificaram que as auroras também se moviam em direções opostas, dependendo da variação da distância do pólo Norte magnético em direção ao Sol.

Ao seguirem as mudanças na orientação do campo magnético interplanetário, os pesquisadores observaram que a aurora austral movia em direção ao Sol, enquanto a boreal continuava na mesma posição. Eles acreditam que o disco se moveu porque o vento solar foi capaz de penetrar na magnetosfera no hemisfério Sul e não no Norte.

Outro ponto surpreendente foi que as duas formações, quando observadas, estavam inclinadas em direção ao lado do nascer do Sol. Os autores do estudo acreditam que isso possa ter sido causado por imperfeições no campo magnético do planeta.

"Como o campo magnético terrestre não é perfeitamente bipolar, achamos que essa característica tenha o efeito de fazer com que as auroras não sejam imagens perfeitas uma da outra", disse Stubbs em comunicado da Nasa.

Ao estudar como as auroras reagem ao vento solar, os pesquisadores esperam um dia compreender melhor a influência do clima espacial.

Mais informações: www.nasa.gov


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